Agricultores de Ivaí, nos Campos Gerais, conquistam certificação para a produção orgânica
28/06/2022
A agropecuária é a principal atividade econômica de Ivaí, nos Campos Gerais, com cerca de 14 mil habitantes. Há cerca de dois anos, o cultivo sem agrotóxico cresceu na região e duas propriedades já conquistaram a certificação para produzir olerícolas orgânicas. Os produtores estão otimistas, não só por se livrarem do contato com os defensivos, como também por conquistar novos mercados. O cultivo orgânico em Ivaí começou antes da pandemia, quando Raphael Branco de Araújo, engenheiro agrônomo do IDR-Paraná, organizou um treino-visita para que produtores do município conhecessem o cultivo de tomate sem agrotóxico. Ele afirmou que o objetivo foi de encontrar pessoas que estivessem abertas a essa tecnologia e apresentar a elas o Sistema de Plantio Direto de Hortaliças. Ricardo Marques, morador na comunidade Faxinal do Tanque, foi um dos agricultores escolhidos para esse trabalho pioneiro em Ivaí. Até dois anos atrás a principal fonte de renda da propriedade era o cultivo de fumo. Mas a descoberta de um câncer do tipo linfoma levou o produtor a procurar uma alternativa. Por recomendação médica, Marques teve que se afastar do contato com agrotóxicos e buscar uma alimentação mais saudável. O produtor passou então a lidar com a produção de leite e a cultivar algumas hortaliças, sem qualquer produto químico, para o consumo próprio. Atualmente Ricardo Marques cultiva um hectare com diversas olerícolas. A produção é vendida para programas oficiais, supermercados da cidade ou diretamente para os consumidores em sacolas semanais. O trabalho da Extensão Rural também contribuiu para mudar as condições de vida da família de Marques. Um sistema de saneamento básico foi instalado na residência e a água passou a ser clorada, já que anteriormente estava contaminada. A propriedade também passou a contar com uma unidade demonstrativa de mandioca, com o plantio de seis variedades diferentes. A área serve de modelo para outros produtores interessados em materiais produtivos e mais adaptados à região. Para Marques, com a certificação a produção dele chega ao mercado com um diferencial. A história de Danieli Komety Ossowski não é muito diferente. Ela também lidava com fumo e há quatro anos descobriu um câncer. Depois de conhecer a produção orgânica de tomate, Danieli percebeu que era possível produzir sem os insumos químicos. Ela buscou assistência técnica no IDR-Paraná e estendeu a prática orgânica a toda a propriedade, tendo em vista a certificação da produção de olerícolas. Com a orientação do IDR, seguiu todos os passos para produzir sem agrotóxicos. Atualmente ela e o marido, Edecleto, produzem de 100 a 150 pés de alface por semana e há três meses já podem se orgulhar de terem conquistado a certificação. Danielli ressaltou que a produção orgânica significou mais qualidade de vida para ela e para os clientes. Como são produtores orgânicos, Danieli e Marques têm prioridade na venda da produção para programas oficiais como o Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Programa de Aquisição de Alimentos. Nessas vendas eles conseguem um adicional de 30% no preço por serem orgânicos. Além disso, eles ainda vendem para supermercados e outros estabelecimentos do mercado local. (Repórter: Flávio Rehme)