Conexões com Nova Ferroeste vão aumentar competitividade da produção paranaense

26/07/2021
O custo logístico tem um impacto direto no valor cobrado nas gôndolas do supermercado. Do preço de cada produto colocado no carrinho, cerca de 10% é composto pela despesa de levar essa mercadoria da empresa até o ponto de venda. No Paraná, quase tudo segue sobre rodas, na carroceria dos caminhões.
Em muitos casos as ferrovias são uma possibilidade de transporte mais barato e eficaz. Aqui no Paraná, estudos indicam que o projeto da Nova Ferroeste pode reduzir o custo logístico em até 28 % já no primeiro ano de operação. A estrada de ferro vai ampliar e modernizar o trecho já existente entre Cascavel e Guarapuava e ampliar o traçado, ligando Maracaju, no Mato Grosso do Sul, a Paranaguá, no litoral do Paraná.
Uma Proposta de Emenda Constitucional votada em julho pela Assembleia Legislativa do Paraná permitiu a inclusão da autorização na Constituição do Estado para os modais ferroviário e aquaviário. Agora, passam a valer as modalidades de concessão, permissão e autorização.
Em agosto, os deputados vão discutir as regras para essa nova alternativa. Só então passa a valer a nova lei. Para o modal ferroviário essa novidade permite a construção de pequenas linhas, também chamadas de short lines, pela iniciativa privada.
O coordenador do Plano Estadual Ferroviário, Luiz Henrique Fagundes, disse que uma locomotiva de manobra leva a carga até o tronco principal e encaixa no comboio, havendo assim uma grande redução de custo e consequentemente trazendo benefícios imediatos para a sociedade. //SONORA LUIZ HENRIQUE FAGUNDES//
Quando o projeto da Nova Ferroeste começou a ganhar forma com a ideia de ligar Maracaju a Paranaguá, com um ramal vindo de Foz do Iguaçu, trazia um novo desafio: estimular o acesso às empresas ou cidades com potencial ao longo do caminho que não estavam no traçado principal. Representantes da Fiep, dos governos federal e estadual, viajaram para os Estados Unidos e conheceram de perto o modelo americano, que foi a inspiração para a lei paranaense. A construção das short lines permite à indústria unir os terminais ou armazéns às linhas principais de troncos ferroviários.
Um levantamento feito pelo governo do Estado indicou sete polos geradores de carga no Paraná com potencial para a implantação de pequenas linhas férreas. São empresas e cooperativas de grande porte com unidades de produção próximas à futura linha da Nova Ferroeste. Essas empresas estariam entre 5 e 100 quilômetros dos novos trilhos. O estudo avalia a possibilidade de investimento de 2 bilhões e 500 milhões de reais na construção destas ligações pela iniciativa privada. Cada quilômetro de trilho construído sairia por 10 milhões de reais.
Entre os terminais da Ferroeste em Guarapuava e Cascavel circularam no primeiro semestre desse ano 800 mil toneladas de produtos em 6.638 contêineres. O volume representa um crescimento de 3% em relação ao mesmo período de 2020.
O projeto está em fase final de estudos. O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Jurídica será concluído em setembro e o Estudo de Impacto Ambiental em novembro. As audiências públicas sobre o traçado e as questões ambientais devem acontecer entre dezembro e janeiro. O projeto vai ser levado a leilão no primeiro quadrimestre de 2022 na Bolsa de Valores de São Paulo, B3. O valor do investimento vai ser de 25 bilhões de reais. A empresa ou consórcio vencedor vai executar a obra e vai ter o direito de explorar por 60 anos. (Repórter: Flávio Rehme)