Conheça a bailarina mais antiga em atividade do País e servidora do Paraná há quase cinco décadas

24/03/2023
O tempo é um detalhe para Ana Maria Ferreira Silva, a bailarina mais antiga em atividade do País, com 68 anos de idade. Ela é a menina aluna da Escola de Dança do Teatro Guaíra, a servidora pública do Centro Cultural Teatro Guaíra prestes a completar cinco décadas de dedicação ao Governo do Paraná e a veterana de corpo esguio que tem brilhando no G2, a companhia referência nacional dedicada a personagens na plena maturidade artística. Ela é uma das personagens da série de reportagens da Agência Estadual de Notícias sobre grandes mulheres. Tudo começou quando tinha apenas 10 anos. A garotinha de um olho verde e outro castanho chegava para iniciar o estudo de balé clássico na antiga Fundação Teatro Guaíra. Já na escola ela tinha interesse por participar de qualquer tipo de apresentação que envolvesse dança e a família encontrou no espaço cultural a chance de aproveitar o seu potencial. Antes de terminar o curso de formação, que era de sete anos, Ana foi convidada para estagiar no CCTG, Corpo de Baile da Fundação Teatro Guaíra, atualmente chamado Balé Teatro Guaíra, grupo profissional de bailarinos e outro corpo artístico do Corpo de Baile financiado pelo Estado e sumidade nacional nos palcos. A dança era a protagonista da sua vida em 1973, quando tinha quase 20 anos, mas o dia 24 de setembro daquele ciclo ficou marcado na sua carreira porque adicionou o componente profissional ao dia a dia. Foi nessa data que ela foi contratada como servidora pelo governo paranaense para integrar o Balé do Teatro Guaíra. // SONORA ANA MARIA FERREIRA SILVA //

No Teatro Guaíra, a servidora ainda desempenhou funções de maitré de dança, ensaiadora e assistente de direção. Na criação do curso de formação de jovens no CCTG, Ana também virou a primeira professora de uma turma masculina de bailarinos. A carreira só chegou nesse ponto após alguns saltos. Vencer a resistência do pai quanto à carreira, fazer escolhas com assertividade e ultrapassar o etarismo na profissão foram alguns dos obstáculos superados. No começo da juventude, quando já trilhava carreira profissional no Balé do Teatro Guaíra, recusou um pedido de casamento em prol da dança e trocou uma carreira profissional na Europa pela carreira no Guaíra. // SONORA ANA MARIA FERREIRA SILVA //

No século passado, se manter profissionalmente na área cultural ainda era uma novidade e também representou um desafio. Sua permanência na atividade é uma provocação ao etarismo, discriminação baseada em critérios de idade, que ganhou as redes sociais nas últimas semanas após deboches em uma universidade. Ela ajudou a fundar o primeiro grupo master de bailarinos do Brasil, em 1999, o G2. Ana é a bailarina com mais idade, de um grupo de nove, em que o mais novo tem 57 anos. Hoje em dia, o G2 desenvolve trabalhos de dança-teatro, que acontecem tanto no CCTG, em Curitiba, quanto em palcos de outras cidades paranaenses. Com um amor visível pela dança e um corpo experimentado no balé clássico e contemporâneo, a servidora está pensando que deve deixar para os outros um legado. (Repórter: Nathália Gonçalves)