Em Guaratuba, mar verde de bananas gera renda no Litoral e supera desafios

14/12/2021
Um dos municípios mais procurados como destino para o veraneio, Guaratuba é também o maior produtor de banana do Estado. O mar verde se estende por três mil e 300 hectares plantados, que rendem 61 mil e 800 toneladas ao ano, garantindo renda e trabalho para 350 famílias locais. Guaratuba registra uma produtividade acima da média brasileira: 25 toneladas por hectare. Segundo dados do IBGE para a safra 2020, a produtividade do Paraná é de quase 20 toneladas por hectare, e a brasileira é de 14 toneladas por hectare. A engenheira agrônoma Elaine Cristina Correa é a segunda geração a cuidar dos atuais 80 hectares do bananal plantado a partir de 1987 pelas mãos diligentes do pai, João Stolf. Vindo de família experiente no plantio de fumo e de arroz irrigado, João e o irmão deram o impulso para a primeira grande onda da cultura da banana em Guaratuba, que hoje corresponde a mais de 40% do Valor Bruto da Produção do município, de cerca de 63 milhões e 400 mil reais ao ano, conforme dados da Secretaria estadual da Agricultura e Abastecimento. Cada planta dá um cacho só, o que explica o ditado “bananeira que já deu cacho”. A parte do tronco que vai ao solo sofre decomposição e a renovação é contínua, com as "novas gerações". Para produzir esse único cacho, a planta leva um ano e meio em média, sendo um ano para emitir a flor que vai dar origem ao cacho e mais outros quatro a sete meses para “engordar” as bananas, dependendo da temperatura, explica Elaine.// SONORA ELAINE CRISTINA CORREA.//

O cacho depois é ensacado em plásticos, que podem ter diferentes cores para identificar mais facilmente quais estão na mesma fase de maturação. Com as bananas ainda verdes, os cachos colhidos são levados às etapas de lavagem, despenca e embalagem. Destinada ao mercado interno e ao consumo in natura, a produção da maioria dos bananicultores de Guaratuba é repassada a um intermediário da Ceasa de Curitiba e vendida direto no box ou ainda na pedra, que é quando o produtor transporta e vende seu produto diretamente em uma unidade da Ceasa. Há também venda para a merenda escolar. No caso da produção da família da Elaine, 90% vai para o Rio Grande do Sul, por meio de um atacadista, onde fica na estufa até amarelar e seguir para os supermercados. Um desafio recente para toda a cadeia produtiva da banana em Guaratuba é a recuperação após a destruição causada pelo ciclone-bomba de 2020, que praticamente dizimou as áreas da espécie caturra no município, e prejudicou bastante as de banana-prata, porém com perdas menores. André Fagundes Resende, com 22 anos de trabalho nos bananais, presenciou os efeitos da tempestade.// SONORA ANDRÉ FAGUNDES RESENDE.//

Além de fatores e desastres climáticos e da lida diária para manter o bananal nutrido, os produtores lutam diariamente contra pragas. O engenheiro agrônomo do IDR Paraná, Nilo Bragagnolo, destaca que o órgão faz um monitoramento semanal nas plantações.// SONORA NILO BRAGAGNOLO.//

A pulverização dos fungicidas costuma acontecer de 6 a 8 vezes ao ano em Guaratuba, uma média bem abaixo da praticada em muitos países produtores. A banana está entre os produtos que o projeto Vocações Regionais Sustentáveis Mata Atlântica, desenvolvido pelo Governo do Estado, elencou com potencial de mercado, com o objetivo de introduzir inovação e agregar valor. A banana de Guaratuba também faz parte da série de reportagens “Paraná que alimenta o mundo”, desenvolvida pela AEN, Agência Estadual de Notícias. O material mostra o potencial do agronegócio paranaense. (Repórter: Felippe Salles)