Jovens indígenas têm atividade escolar que valoriza a tradição oral e a ancestralidade

19/04/2023
Na Terra Indígena Marrecas, em Turvo, região central, adolescentes se mobilizam para ouvir as histórias contadas pelos anciãos da comunidade, de etnia Kaingang. A ação faz parte da disciplina Projeto de Vida, implementada desde o ano passado no novo ensino médio da rede estadual. No Dia Nacional dos Povos Indígenas, celebrado nesta quarta-feira, a secretaria estadual da Educação chama a atenção para esta atividade, que busca promover a tradição oral como forma de transmitir conhecimento e valorizar a ancestralidade indígena dentro do cotidiano escolar. São matérias novas, como “Saúde Coletiva”, “Filosofia Indígena”, “Ecologia e Agroecologia Indígena” e “Organização Social, Política e Direitos Indígenas” são alguns exemplos de um currículo voltado à realidade desses estudantes indígenas. Essas disciplinas compõem o “itinerário formativo integrado” ofertado no novo ensino médio. Além do itinerário, o currículo também compreende as matérias tradicionais da Base Nacional Comum Curricular que integram a chamada “formação geral básica”. A rede estadual de ensino do Paraná conta com 39 escolas indígenas, inscritas em suas terras e culturas, contemplando mais de cinco mil estudantes. Nelas, os estudantes têm direito a ensino intercultural e bilíngue, com aulas da língua indígena materna e de português, desde o início da jornada escolar. Outra novidade do novo ensino médio para as escolas indígenas da rede estadual é a disciplina “Informática Básica e Robótica”, presente nas três séries do ensino médio. Neste ano, o professor Luan Felipe de Lima leciona a matéria para 13 alunos da 1ª série do colégio Cacique Otávio dos Santos. No primeiro trimestre, a turma já teve introdução à eletrônica, fez ligações simples de led e aprendeu sobre sensores e atuadores. // SONORA LUAN FELIPE DE LIMA //

O professor Ismael Corrêa se preparou para assumir a disciplina de “Filosofia Indígena” por meio de leitura e conversas com os anciãos. Assim, ele procura transmitir aos estudantes o modo de fazer ancestral, a ideia de coletividade, além do conhecimento, mitologia e história do povo. // SONORA ISMAEL CORRÊA //

A terra indígena se tornou objeto de estudo dos alunos do professor Anderson Miranda dos Santos, que leciona Geografia e Economia Comunitária e Sustentabilidade. Ele propôs aos adolescentes uma atividade de cartografia social. // SONORA ANDERSON MIRANDA DOS SANTOS //

Com aulas voltadas a temas locais, os estudantes se sentem confortáveis para expressar também as perspectivas de futuro. São muitos os projetos de vida: há quem pretenda ficar na comunidade, sair da região, ingressar na faculdade ou iniciar uma família. (Repórter: Gustavo Vaz)