Mês da Mulher: conheça a arqueóloga que tem o Museu Paranaense como segunda casa

17/03/2023
Essa é uma história que diz muito sobre o destino ou, para os mais céticos, sobre a persistência necessária para correr atrás de um sonho. Há cerca de 50 anos, uma menina curiosa chamada Cláudia Inês Parellada visitou com seu pai um sambaqui escavado por arqueólogos na região de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. O local era próximo de onde o pai, engenheiro civil, cuidava de uma obra. Naquele sambaqui Cláudia encontrou uma placa de bronze que registrava publicamente a importância de se estudar o passado para compreender o presente e apontar o futuro. O texto destacava a relevância da preservação da memória. Ela, no alto dos seus seis anos de idade, leu aquilo tudo e decidiu que era isso que queria ser quando crescer, arqueóloga. Hoje é doutora em Arqueologia pela Universidade de São Paulo e professora da Universidade Federal do Paraná. Também é chefe do Setor de Arqueologia do MUPA, Museu Paranaense, terceiro mais antigo do Brasil e referência nacional em pesquisa arqueológica. Por sua paixão e persistência, é personagem da série de reportagens da Agência Estadual de Notícias que apresenta grandes mulheres paranaenses. A paixão pela arqueologia começou desde a infância de Cláudia, e foi se transformando em algo natural. Na adolescência, a vontade de seguir carreira nessa área permanecia. Aos 16 anos, na hora de prestar vestibular, não havia nenhum curso de Arqueologia em Curitiba, onde Cláudia vivia com a família, nem em outras cidades do Paraná. Mudar de estado para cursar a graduação não era uma possibilidade viável. // SONORA CLÁUDIA INÊS //

Era agosto de 1984, quando passou a estagiar no MUPA, e descobriu sem querer que o seu bisavô havia sido arqueólogo na Espanha. Uma descoberta que parecia ter solidificado ainda mais o desejo por seguir nessa vocação. Depois de formada, foi efetivada como pesquisadora no museu e de lá nunca mais saiu. O Museu Paranaense é uma das referências de pesquisa arqueológica no Brasil. No conjunto de atividades, Cláudia participa de projetos interinstitucionais com arte rupestre, documentação e datação de abrigos, flora e fauna articulada com mitos e ritos de origem de povos que ocuparam e manejaram diferentes paisagens no Paraná. Ela também participa da realização de diferentes pesquisas buscando caracterizar a diversidade dos povos que vêm ocupando as territorialidades nacionais, especialmente o Paraná, ao longo de 15 mil anos. Cláudia reforça a importância de trabalhar no Paraná, onde pode contribuir mais para uma maior compreensão sobre a cultura e memória local, algo que considera muito importante. E assim, seu sonho se tornou realidade. // SONORA CLÁUDIA INÊS 2 //

Para a diretoria do Museu Paranaense, a trajetória de Cláudia na instituição se confunde com as conquistas recentes do MUPA, já que passou por diversas gestões realizando vários trabalhos, contribuindo de forma positiva para divulgação e preservação do acervo e ajudando sistematicamente na formação de inúmeros estudantes que por ela foram supervisionados. Cláudia é parte da história cultural do Estado. (Repórter: Nathália Gonçalves)