UEM recebe patente pelo processo de obtenção de carvão ativado a partir de bitucas de cigarro
21/12/2022
Estudo de pesquisadores da UEM, Universidade Estadual de Maringá gerou uma segunda patente verde para a instituição, concedida pelo INPI, Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Relacionada ao processo de obtenção de carvão ativado, a partir do reaproveitamento de bitucas de cigarro, a invenção elevou para 50 o número de patentes detidas pela universidade. Os estudos começaram no final de 2017, de acordo com Andrelson Wellington Rinaldi, professor do Departamento de Química e líder do grupo de pesquisa que desenvolveu o processo, agora patenteado. A ideia inicial era encontrar um material poroso e eficiente na remoção de resíduos contaminantes descartados no meio ambiente. A proposta foi certeira, embora na ocasião o grupo não tivesse a real dimensão do quanto aquele cafezinho renderia frutos. Os primeiros testes já se mostraram promissores. Usando as bitucas de cigarro como matéria prima, os pesquisadores obtiveram o hidrocarvão modificado altamente eficaz em adsorver corantes em efluentes, ou seja um material útil para otimizar o tratamento de água em estabelecimentos como lavanderias, por exemplo. O fato de apresentar uma solução para um passivo ambiental não só garantiu o “selo” de patente verde à invenção, como também lhe agregou outro diferencial à medida que dá destinação ambientalmente amigável para as bitucas que, segundo os pesquisadores, são consideradas o terceiro maior contaminante das águas oceânicas. Para dar uma ideia do tamanho do problema, vale dizer que, anualmente, são produzidos cerca de 10 trilhões de cigarros em todo o mundo. No processo patenteado pelos inventores da UEM, a produção de dois gramas e meio de carvão ativado demanda o uso de 50g de bitucas trituradas, o equivalente a dois maços de cigarro. Vale destacar que, ao final do processo, o carvão ativado está totalmente livre dos resíduos, impurezas ou mesmo metais pesados, podendo ser aplicado inclusive nos filtros caseiros, segundo Marcos Rogério Guilherme, professor colaborador do Departamento de Química da UEM, na época em que a pesquisa estava em desenvolvimento, e integrante do Grupo de Pesquisa. Sob o título “Processo de obtenção de carvão ativado a partir da carbonização hidrotérmica de bitucas de cigarro”, a patente foi obtida em regime de cotitularidade entre a UEM a e Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Além dos três cientistas já citados, outros fazem parte do grupo de pesquisa que desenvolveu a tecnologia. O professor Andrelson Rinaldi destaca que obtenção da patente pode gerar divisas para a UEM a partir da transferência de tecnologia, o que já é possível de ocorrer. Basta haver empresas interessadas na utilização do processo. Para além das perspectivas futuras e uso comercial da invenção, a pesquisa já vem trazendo benefícios para a universidade e a sociedade em geral, como a formação de recursos humanos altamente qualificados na área. Além de premiações em eventos internacionais. O programa piloto Patentes Verdes teve início em abril de 2012. A partir dezembro de 2016, o INPI passou a oferecer o exame prioritário de pedidos relacionados às tecnologias verdes como serviço permanente. O foco é a conservação do ambiente e, consequentemente, a redução dos impactos ambientais e o combate às mudanças climáticas. A meta do programa é acelerar a análise dos pedidos de registros de patentes vinculados a projetos sustentáveis, permitindo que sejam identificadas novas tecnologias que possam rapidamente ser utilizadas pela sociedade. São contempladas propostas nas áreas de energia alternativa, transporte, conservação de energia, agricultura sustentável e gerenciamento de resíduos. Os pedidos que participam do programa recebem atenção especial e seus exames ocorrem de forma mais rápida. (Repórter: Alexandre Nassa)