As aulas de Educação Financeira já fazem parte da rotina dos alunos da rede estadual de Educação do Paraná desde 2021. Os estudantes do Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos de Londrina (Ceebja) já se familiarizam com a disciplina, que rendeu até medalha em uma olimpíada nacional sobre o tema para uma das alunas.
Kelita Alves de Jesus, de 33 anos, do 1° módulo do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da instituição, do Norte do Estado, está entre as contempladas com uma medalha de bronze na Olimpíada do Tesouro Direto de Educação Financeira (Olitef). É uma competição em nível nacional, gratuita, que busca promover o conhecimento financeiro entre alunos do 6º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio.
Realizada anualmente, a Olitef visa promover a educação financeira entre estudantes brasileiros, incentivando o aprendizado e o uso consciente dos recursos financeiros desde a Educação Básica. A iniciativa é do Tesouro Nacional e recebe apoio de entidades como o Ministério da Fazenda, Ministério da Educação, Banco Central do Brasil, Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).
“Como no Ensino Regular eu ministro aula de Educação Financeira e no semestre anterior quis levar a disciplina para o Ceebja, conversei com a direção e inscrevi meus alunos na olimpíada, porque acreditava no potencial deles”, conta a professora de Matemática e Educação Financeira Gisele Naomi Onuki. “Apesar do curto período de estudos que tiveram, notei um grande interesse em aprender e uma boa absorção do conteúdo. Por isso, fiquei tão orgulhosa dos resultados obtidos pela turma, que concorreu com alunos da rede pública do Brasil todo”.
“Iniciativas como a Olitef mostram que a escola vai além da sala de aula. Ao incentivar a educação financeira desde cedo, oferecemos aos nossos alunos instrumentos para planejar o futuro e tomar decisões mais conscientes. E ver alunos da EJA competindo e ganhando medalhas é um orgulho, porque fortalece a modalidade e pode trazer novos alunos de volta para a escola”, comemora o secretário estadual da Educação do Paraná, Roni Miranda.
A Olimpíada, cujas avaliações foram aplicadas no início do mês de setembro, com resultado divulgado no fim de outubro, oferecia premiação em dinheiro para os medalhistas de ouro e também em produtos de robótica, informática ou para bibliotecas, a critério das escolas, mas o que incentivou a participação dos alunos da EJA foi o otimismo da professora e o apoio da direção do Ceebja.
“A professora Gisele acreditava na turma, que é muito esforçada. Daí não tive dúvidas em dar apoio desde o início para que ela fizesse as inscrições”, diz a diretora Rosângela Lopes Ferreira Menoncin.
A JORNADA DE KELITA – Kelita diz que parou de estudar quando era mais nova por desinteresse, mas sempre soube da importância da educação para a construção de um futuro melhor. “Quando a ficha caiu, eu já estava mais velha e vi na EJA a chance perfeita para recomeçar, recuperar o tempo perdido e, o mais importante, abrir novas possibilidades para o meu futuro. Estudar agora é um investimento em mim mesma e na minha felicidade”, diz.
Tanto que quando voltou para a sala de aula, identificou algumas facilidades, no caso a Educação Financeira. Um tema que fazia parte do dia a dia dela, como por exemplo, a necessidade de controlar o dinheiro, a luta para gastar menos do que ganhava e a importância de pagar as contas em dia para não cair nos juros altos.
“Sei bem a diferença entre o que é necessidade, como aluguel e comida, e o que é desejo, como aquela blusinha ou um lanche a mais. Mas admito que nunca me aprofundei em coisas mais complexas, como investimentos, ou como fazer um planejamento financeiro de longo prazo de verdade”, destaca.
Foi assistindo às aulas que a aluna da Educação de Jovens e Adultos começou a aprender como se organizar para ter uma vida financeira mais equilibrada. Tudo isso nem era com o objetivo de ganhar uma olimpíada, mas cursar a faculdade de Enfermagem.
“É uma área que me encanta, sou apaixonada por cuidar das pessoas e quero muito trabalhar na saúde. Quando a professora falou que fui premiada com a medalha de bronze, eu nem acreditei, pois por ser uma competição de nível nacional, não imaginava estar em condições de disputar de igual para igual com os alunos do Ensino Regular inclusive. E fiquei muito feliz”, afirma.
Para conquistar a medalha de bronze, a nota de corte da Olimpíada era de 67 a 69 pontos e Kelita obteve 69 pontos. “A Kelita se destacou não apenas na olimpíada, mas em todas as atividades em sala de aula. Ao longo do semestre, pude observar como ela evoluiu e desenvolveu segurança, tanto na aplicação do raciocínio lógico, como na resolução de problemas. Seu empenho e compromisso refletem mais do que o desejo de alcançar bons resultados, mostram o entendimento de que o conhecimento tem poder transformador e valor prático para a vida”, elogia Gisele.
Professora do Ceebja há dois anos, a docente não esconde a satisfação ao constatar que o aprendizado ultrapassa os limites da sala de aula e se transforma em reconhecimento. “Essa vitória reforça a importância de acreditar no potencial dos nossos alunos, celebrar cada passo de sua jornada e o esforço e a perseverança de uma estudante e de um grupo de alunos que acreditam no poder da educação”, conclui.
EDUCAÇÃO FINANCEIRA NA REDE – Alunos da rede estadual estudam Educação Financeira nas escolas há quatro anos. No Ensino Fundamental - Anos Finais, a Matriz Curricular apresenta a Educação Financeira como uma Unidade Curricular obrigatória para as instituições de ensino da Educação em Tempo Integral, e nas demais instituições, como um objeto do conhecimento abordado pelo componente curricular de Matemática. No Ensino Médio, ela é uma unidade curricular obrigatória para as três séries, em todas as ofertas e modalidades de ensino.














