A Secretaria das Cidades (Secid) iniciou nesta segunda-feira (15) curso presencial de Planejamento, Fiscalização e Gestão de Contratos de Obras e Serviços de Engenharia, na Escola de Saúde Pública do Paraná, em Curitiba. O módulo faz parte da Trilha de Capacitação – Contratação de Obras Públicas e Serviços de Engenharia, desenvolvida pela Secretaria das Cidades com apoio da Escola de Gestão do Paraná, unidade da Secretaria de Estado da Administração e da Previdência (Seap), e a Procuradoria-Geral do Estado (PGE).
O programa é gratuito e destinado a engenheiros e arquitetos da administração pública estadual, com foco especial nos servidores que ingressaram recentemente na gestão pública. Em 2025, houve o chamamento de 132 novos profissionais, entre engenheiros e arquitetos, que passaram a integrar os quadros das Secretarias das Cidades, da Segurança Pública, da Educação, da Infraestrutura e Logística, Fundepar, Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (Amep).
Para Hamilton Bonatto, da Procuradoria Consultiva de Obras e Serviços de Engenharia (PCO), da Secid, e ministrante do curso, a formação prioriza o domínio de conceitos fundamentais da engenharia aplicada à administração pública.
Segundo ele, obras de engenharia apresentam situações imprevisíveis no cotidiano, o que exige preparo técnico para a tomada de decisões. “Trabalhamos muito com conceitos porque quem domina os conceitos consegue resolver os casos difíceis do dia a dia. Vamos abordar tanto as licitações quanto os contratos, sempre conectando teoria e prática”, afirmou.
Bonatto ressaltou ainda que planejamento e fiscalização são etapas interligadas. “Um bom planejamento é o primeiro passo para alcançar um resultado eficiente, mas, se não houver fiscalização adequada, mesmo um bom planejamento não garante o melhor resultado. Essas fases precisam estar conectadas”, disse. “Antes de pensar no que será construído, é preciso responder ao por quê. O por quê é o cidadão: melhorar a educação, a saúde, as vias públicas. Isso dá sentido ao nosso trabalho e justifica a atuação no serviço público”.
O diretor de Edificações Públicas (DEP), Rainer Junges, afirma que a Secretaria das Cidades tem um volume expressivo de projetos pela frente e a capacitação é estratégica para enfrentar esse desafio. De acordo com ele, estão previstas cerca de 900 obras nos próximos anos, o que exige investimento contínuo em pessoas, tecnologia e inovação. “O mundo passou por uma revolução nos últimos anos e a gestão pública precisa acompanhar essa transformação”, disse.
Rainer explicou ainda que a Secretaria das Cidades vem investindo em tecnologias como o BIM (Modelagem da Informação da Construção), na contratação de softwares especializados e em projetos como o de Inteligência Artificial para análise de projetos. “Mas não é tecnologia pela tecnologia. O foco é avaliar todo o processo com o olhar voltado ao cidadão”, afirmou.
Ele reforçou que o principal papel da gestão pública no campo das obras é planejar e fiscalizar, defendendo uma mudança de cultura administrativa. “Precisamos migrar de um modelo focado apenas na execução e correção para um modelo de planejamento, que anteveja problemas, crie indicadores e permita ações proativas”, explicou. Para ele, colocar o cidadão no centro das decisões deve ser o guia permanente da atuação pública.
APRENDIZADO CONSTANTE – Entre os participantes, a avaliação da Trilha de Capacitação é positiva. O engenheiro civil Victor Hugo da Silva Martins, que ingressou na Secid em novembro, afirmou que a formação é fundamental para quem está iniciando no serviço público. “Nem todo mundo tem a mesma experiência. O curso é importante para ter uma base de como começar, entender como a Secretaria funciona e relembrar conceitos que a gente acaba não usando no dia a dia”, disse.
Victor destacou que o conteúdo ajuda tanto na revisão de temas técnicos quanto na preparação para novas atribuições. “Minha experiência com fiscalização de contratos foi pequena. Aqui consigo entender melhor essa área e me preparar para o trabalho que vou desempenhar”, afirmou.
Para a arquiteta Lucy Carla Bassetti Brito, que também ingressou no serviço público estadual recentemente, o curso contribui para organizar conhecimentos adquiridos ao longo da trajetória profissional. “A gente passa por várias experiências, muitas vezes de forma fragmentada. Aqui há uma integração dos conteúdos e um direcionamento maior para o planejamento”, avaliou.
Segundo ela, a abordagem da legislação é um dos pontos mais relevantes da capacitação. “Viemos de áreas como projeto e orçamento, e entender a legislação é fundamental para exercer a função com responsabilidade. Com as mudanças na lei de licitações, essa atualização traz mais segurança para a atuação profissional”, afirmou.
Lucy, que já possui experiência em gestão pública municipal, também destacou que o aprendizado está diretamente ligado à transparência e ao foco no interesse público. “Você aprende a maneira correta de fazer, com transparência, sempre pensando no cidadão. O exercício da engenharia pública exige conhecimento e responsabilidade, porque errar significa prejudicar o interesse coletivo”, acrescentou.












