Festival estudantil de cinema ajuda a reduzir bullying em colégio de Coronel Vivida

Um concurso de filmes sobre o combate ao bullying, com direito a sessão de cinema e cerimônia de premiação, ajudou a conscientizar estudantes e melhorar significativamente o clima escolar. Nesta quinta-feira (6), Dia Internacional contra a Violência e o Bullying na Escola, o colégio é exemplo de como arte e criatividade podem impulsionar a conscientização.
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06/11/2025 - 12:00
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Como reduzir o bullying na escola? No Colégio Estadual Arnaldo Busato (CEAB), em Coronel Vivida, no Sudoeste, a diminuição dos casos de violência ocorreu a partir da criatividade de alunos e professores. Um concurso de filmes sobre o combate ao bullying, com direito a sessão de cinema e cerimônia de premiação, ajudou a conscientizar estudantes e melhorar significativamente o clima escolar. Nesta quinta-feira (6), Dia Internacional contra a Violência e o Bullying na Escola, o colégio é exemplo de como arte e criatividade podem impulsionar a conscientização.

O projeto teve início em 2024, com a produção de dois curta-metragens sobre meio ambiente e sustentabilidade, premiados em um concurso municipal. A partir disso, a professora Vaneça Vedana decidiu criar o CineCEAB, um festival estudantil de cinema com curta-metragens produzidos pelos alunos. A ação envolveu cerca de 70 estudantes de Ensino Fundamental e Médio que integram a Sala de Recursos Multifuncionais/Altas Habilidades - espaço com recursos pedagógicos adaptados para atender as necessidades especiais dos estudantes em período de contraturno.

“Na Sala de Recursos Multifuncionais trabalhamos principalmente com a pedagogia de projetos que envolvem desenho, teatro, tecnologia, cinema e artes. Todos têm objetivo de desenvolver os estudantes em áreas como liderança, intelectual, acadêmica, psicomotricidade, entre outras”, explica Vaneça, que leciona aulas de Arte, Educação Física e Atendimento Educacional Especializado (AEE) na escola.

Para a primeira edição do festival, professora e estudantes definiram uma temática pertinente a toda a comunidade escolar: o combate ao bullying e ao cyberbullying. “São temas de extrema importância e precisamos falar com os estudantes a respeito, discutir e conhecer para combatê-los. Os critérios que estipulei para os estudantes é que eles respeitassem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e mostrassem uma solução para o problema”, diz a professora.

Os estudantes se dividiram em grupos e estabeleceram funções, entre roteiristas, atores e editores de vídeo. As produções, que também envolveram os componentes curriculares de Arte e Língua Portuguesa, contaram com a participação de amigos e familiares dos alunos, além de professores e funcionários do colégio.

O resultado foram nove curta-metragens com diferentes estilos e gêneros, incluindo ficções, mini documentários e relatos pessoais. Os filmes produzidos foram divulgados na internet e apresentados à comunidade escolar em sessões de cinema que, somadas, reuniram mais de mil pessoas. Os espectadores e um júri técnico convidado pela escola puderam votar nas melhores produções, premiadas com um troféu em forma de câmera filmadora e valores em dinheiro - recursos conquistados pela professora Vaneça em uma premiação anterior no Festival Municipal de Teatro.

O documentário ‘Trocando Lentes, Olhos do Coração’, que mostra o cotidiano de um estudante cego, e a ficção ‘Ciclo Sem Fim’, que retrata a replicação do bullying por quem sofre com ele, foram os vencedores do festival. As outras produções foram ‘Altruísmo: Em Busca de Paz’, ‘Reflexos do Silêncio’, ‘Bullying: Vídeo-Carta do Luan para Pessoas que Sofrem’, ‘Cores Pessoais’, ‘Não Podemos Ficar Calados’, ‘Entre o Bem e o Mal’ e ‘Provocações Sem Limites’.

“Achamos muito legal a ideia de trazer a realidade do bullying para conscientizar os colegas de que isso pode levar a causas mais graves, como é mostrado no filme. Com o projeto, nós conseguimos entender mais sobre o bullying e suas variações e explorar cada vez mais o mundo do cinema”, afirma a estudante do 1º ano do Ensino Médio Hemilly Dalfovo, de 15 anos, uma das premiadas por ‘Ciclo Sem Fim’.

‘Trocando Lentes, Olhos do Coração’ ainda recebeu menção honrosa no Festival Internacional de Cinema, Educação e Preservação (EducAção) de Curitiba, que aconteceu de 23 a 26 de setembro de 2025, e foi indicado a Melhor Documentário no Festival de Cinema Amador Escolar (Abacaxi de Ouro), do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, em 20 de setembro de 2025. Além disso, o projeto CineCEAB foi convidado a participar da Feira de Inovação e Protagonismo Estudantil (Fipe), de 10 a 11 de setembro de 2025, em Foz do Iguaçu (Oeste).

IMPACTO PERCEPTÍVEL – Mais do que incentivar o protagonismo e a criatividade dos alunos, o objetivo do CineCEAB era conscientizar a comunidade escolar sobre a importância do combate ao bullying e ao cyberbullying. Conforme a professora coordenadora do projeto, a exibição dos curta-metragens impactou positivamente o clima escolar.

“O projeto teve impacto positivo perceptível, pois trouxe discussões sobre os limites da brincadeira e do humor, ao mesmo tempo em que provocou nos estudantes senso crítico, desenvolvimento da empatia e vontade de mudança comportamental”, celebra Vaneça.

Os estudantes concordam. Segundo Kauely Cavalheiro, de 14 anos, e Laura Gossler, de 13, as discussões sobre bullying e cyberbullying se tornaram mais recorrentes nos corredores da escola.

“Pude observar que havia bastante gente comentando sobre os curtas, e também a respeito do bullying e do quanto ele prejudica. Assim, encorajamos alunos a enfrentar o bullying e não ficar calados, mostrando que ninguém está sozinho”, aponta Kauely, estudante do 8º ano do Ensino Fundamental.

“Vi muito resultado na diminuição do bullying na escola. A importância de trabalhar com esse tipo de situação é entender a realidade e ouvir comentários de estudantes e até professores que sofrem com isso. Foi muito legal”, acrescenta Laura, aluna da mesma série e também participante do curta-metragem ‘Entre o Bem e o Mal’.

Para o próximo ano, o CineCEAB deve retomar as produções de curta-metragens, com uma nova temática a ser definida. Enquanto isso, a luta contra o bullying e o cyberbullying continua. “Conseguimos sensibilizar e mudar algumas percepções, mas é imprescindível continuar debatendo esse tema e desenvolvendo projetos para que, num futuro próximo, possamos combatê-lo 100% da nossa sociedade”, finaliza Vaneça.

MUNDO SEM BULLYING – Desde segunda-feira (3), o Ministério Público do Paraná (MPPR) tem promovido ações de conscientização sobre o bullying em escolas estaduais de diferentes regiões paranaenses. A iniciativa faz parte da campanha #MundoSemBullying, uma ação conjunta entre o MPPR e a Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR).

“Parabenizamos e agradecemos o Ministério Público por essa parceria que, certamente, terá impacto positivo. O bullying e o cyberbullying estão presentes em diferentes esferas da sociedade, e a escola deve ser local de reflexão, conscientização e mobilização no combate a esse problema”, disse o secretário de Estado da Educação, Roni Miranda.

Por meio da campanha, serão realizadas palestras educativas em 300 escolas estaduais, de 143 municípios do Paraná. As ações seguem até o dia 14 de novembro, com objetivo de promover conscientização, prevenção e enfrentamento ao bullying e ao cyberbullying nas instituições de ensino.

DIA INTERNACIONAL – O Dia Internacional contra a Violência e o Bullying na Escola, incluindo o Cyberbullying, foi criado pelos membros da Organização das Nações Unidas para Ciência, Educação e Cultura (Unesco) como uma data voltada à mobilização global no combate ao bullying. Celebrada sempre na primeira quinta-feira de novembro, a data é marcada por iniciativas de conscientização e ações educativas no mundo todo.

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