Basta um chamado para que o protocolo seja colocado em prática: Esquadrão Antibombas, bombeiros e Polícia Científica do Paraná. Em poucos minutos, diferentes equipes chegam ao local e passam a atuar de forma coordenada. Em casos que envolvem explosões, cada minuto conta — da garantia da segurança imediata até a preservação de vestígios que podem esclarecer como e por que o episódio ocorreu. E essa integração entre forças é o que possibilita a construção de provas técnicas que sustentam uma investigação.
“A cooperação em diferentes áreas é extremamente importante, principalmente em sistemas complexos”, afirma o perito da Polícia Científica do Paraná (PCIPR), Jerry Gandin. “Para entender como ocorreu uma explosão, precisamos de uma equipe multidisciplinar. Então é importante a presença de profissionais de diferentes áreas e que a gente integre esses diferentes grupos, cada um com sua especialidade, expertise e habilidade”.
O trabalho começa com a atuação dos esquadrões antibombas, da Polícia Militar, e do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), responsáveis por avaliar os riscos e neutralizar possíveis ameaças antes que qualquer outro time possa acessar a área. Essa etapa é fundamental para preservar vidas e garantir que o ambiente esteja seguro para a coleta de materiais. Cada procedimento adotado por essas equipes precisa ser cuidadosamente planejado, já que qualquer intervenção pode impactar diretamente as análises posteriores.
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Como explica o capitão Daniel Keiny Cardoso, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), a atuação dos profissionais busca, prioritariamente, garantir condições seguras para que as equipes possam acessar o local para buscas e coletas de vestígios.
“O Esquadrão Antibombas realiza varreduras em busca de explosivos e artefatos explosivos remanescentes no local realizando, quando encontrados, a neutralização, desativação e/ou destruição desses materiais, evitando riscos adicionais aos profissionais que atuam na ocorrência e à população. A atuação técnica e especializada da unidade é determinante para a estabilização inicial da área que, muitas vezes, se encontra com potencial de novos incidentes”, destaca.
O BOPE mantém suas ações de forma contínua ao longo de toda a investigação, garantindo a segurança da área e prestando apoio às demais forças de segurança e órgãos técnicos durante todo o período em que os trabalhos policiais e periciais são realizados no local.
De forma paralela, o CBM alinha reuniões com o Esquadrão Antibombas para avaliar os riscos ao encontrar material explosivo não deflagrado. “Esse é o maior risco que as equipes enfrentam, mas a queda de estruturas, de pedras e de terra no caso de desabamentos pode causar traumas. Por isso os bombeiros usam capacetes e luvas especiais”, afirma a capitã do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná, Luisiana Guimarães Cavalca.
A capitã ainda explica que toda a ação da corporação é para garantir a segurança das equipes que vão trabalhar nos ambientes. “As explosões causam, por exemplo, incêndios, problemas estruturais, ocorrências de buscas e resgates de vítimas em estruturas colapsadas. Os bombeiros eliminam os focos de fogo, o oficial da primeira equipe faz a averiguação dos riscos no local e estabelece um perímetro de segurança”, diz.
Com a área liberada, a perícia criminal assume o cenário para identificar as causas da explosão. A análise inclui desde a busca por fragmentos metálicos e resíduos químicos até a reconstrução da dinâmica da ocorrência. O trabalho, nestes casos, é como montar um quebra-cabeça: cada detalhe encontrado, em conjunto, pode revelar o tipo de material utilizado, a forma como foi acionado e até os indícios sobre sua procedência.
“Uma ferramenta por si só não é capaz de reconhecer a causa. É muito mais a expertise dos profissionais envolvidos que vão auxiliar na conclusão da perícia”, destaca Gandin. “Um atentado, por exemplo, envolve a colocação de um artefato onde não deveria ter explosivos. Um acidente, por outro lado, muda a forma de análise, porque a gente deixa de procurar aquilo que não existia e passa a tentar achar algum erro naquilo que já existe. Então é um processo mais complexo, envolve mais conhecimento, análise de projetos e também um registro de dados mais detalhado”.
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TECNOLOGIA – Nestes casos, o uso de novas tecnologias tem transformado a rotina de documentação e análise. Isso porque ferramentas como drones e scanners 3D permitem criar uma representação detalhada do ambiente, já que ajudam a localizar com maior precisão o ponto de origem da explosão, evitam retrabalhos, como voltar ao local para coletar novas imagens, e tornam a documentação muito mais completa.
“Com estes equipamentos, fazemos um levantamento de pontos da região e das deformações encontradas. A partir disso, é possível identificar o ponto de origem, o epicentro dessa explosão e, com isso, realizar os cálculos que vão auxiliar a documentação”, explica o perito da PCIPR.
Nos últimos anos, a Polícia Científica do Paraná tem reforçado seu trabalho por meio de capacitação contínua e investimentos em tecnologia. Equipamentos como scanners de alta precisão, softwares de modelagem 3D e ferramentas avançadas de análise química ampliam a capacidade de investigação e reduzem o tempo necessário para emissão de laudos periciais.
Mesmo com toda a tecnologia, o fator humano permanece insubstituível. “A tecnologia auxilia, mas é a experiência e o conhecimento do profissional que transformam os dados em informações úteis. Sem a coordenação entre especialistas de diferentes áreas, toda a operação perderia eficiência e segurança”, conclui o perito Jerry Gandin.