O Laboratório Central do Paraná (Lacen/PR), vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), lançou nesta sexta-feira (5) em Curitiba o documentário “A Saga do Phytobacter ”, que retrata uma descoberta científica relevante da saúde pública brasileira.
A produção que contou com o apoio da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), mostra os bastidores da investigação inédita que identificou uma nova superbactéria rara, além de corrigir um erro de identificação em outra. O filme aponta como o estudo científico está influenciando protocolos de diagnósticos no país e no mundo.
“Esse trabalho só reforça a posição do Lacen como referência nacional em laboratório de saúde pública e o Paraná ganha reconhecimento internacional em produção e desenvolvimento de pesquisa científica”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
UM LONGO CAMINHO - O documentário aborda o isolamento da bactéria Phytobacter diazotrophicus em humanos e a nova identificação e a descrição de uma nova espécie “irmã”, a Phytobacter ursingii.
O trabalho científico coordenado pelo cientista Marcelo Pillonetto começou em 2013, durante um surto de sepse associado à Nutrição Parenteral Total (NPT) contaminada, que provocou a morte de 15 bebês prematuros e adoeceu outros 65 no Brasil. Na época, os testes das amostras enviadas ao Lacen indicaram a presença da bactéria Pantoea , que até o momento era conhecida como um patógeno oportunista.
Devido a inconsistências nos testes, a equipe do Lacen investigou e concluiu que a identificação da bactéria estava equivocada. “O Lacen contribui com a saúde mundial, por meio de um trabalho de excelência, no aprimoramento de tratamentos e evitando crises sanitárias”, disse a diretora do Lacen, Célia Fagundes da Cruz.
Depois de anos de análises, investimentos em tecnologia de ponta, adoção de metodologias avançadas e cooperação da Universidade de Zurique, em 2018, o grupo de pesquisadores confirmou à comunidade científica que na verdade se tratava do agente Phytobacter diazotrophicus.
Somente em 2023, houve a inclusão dessa espécie em banco de dados de equipamentos de última geração, como a Espectrometria de massa (MALDI-TOF). “Na prática, essa pesquisa permite diagnósticos precisos e imediatos, além da escolha do antibiótico correto, o que é crucial em casos de infecção generalizada”, explicou Pillonetto.
DISTRIBUIÇÃO PARA LABORATÓRIOS – Paralelo ao lançamento do documentário, o Lacen lidera uma iniciativa considerada estratégica para a segurança sanitária nacional. Em novembro deste ano, o órgão distribuiu amostras da superbactéria rara Phytobacter diazotrophicus para cerca de 300 laboratórios em todo o país, em parceria com a empresa Controllab.
A medida fortalece o enfrentamento à resistência antimicrobiana ao permitir que instituições atualizem seus bancos de dados e aprimorem métodos de identificação e diagnóstico de infecções graves.
O documentário estará disponível no YouTube, na próxima semana.












