A missão internacional do Governo do Paraná à Dinamarca, voltada a energias renováveis e transição energética, foi concluída nesta sexta-feira (19), após uma semana de agendas técnicas e institucionais com empresas, entidades setoriais, utilities, portos estratégicos e fundos dinamarqueses ligados ao setor de energia limpa.
A iniciativa se deu a partir de um convite do Governo da Dinamarca, com quem a Invest Paraná mantém relações desde 2022, quando assinou um termo de cooperação com a Embaixada da Dinamarca. O acordo tem foco no desenvolvimento de ações conjuntas nas áreas de energia renovável e sustentabilidade. Neste ano, a parceria resultou no convite para que o Estado visitasse empresas e entidades de referência do setor no país europeu.
A operacionalização da missão internacional foi conduzida pelo Consulado Geral da Dinamarca no Brasil, responsável pela organização das agendas e conexões institucionais. Já a Invest Paraná, agência de promoção de investimentos do Governo do Estado, coordenou a delegação paranaense, os materiais institucionais e a organização das pautas estratégicas tratadas durante a viagem.
A missão contou com a participação de representantes da Invest Paraná, Instituto Água e Terra (IAT), Sanepar, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Superintendência-Geral de Gestão Energética, Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Serviços, Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba, Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (Conresol), Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Cibiogás e MDC Biometano. Ao longo da programação, a missão permitiu ao Paraná aprofundar a análise de diferentes rotas da transição energética.
Na avaliação do presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin, a experiência reforçou a importância de ter a Dinamarca como referência internacional, ao possibilitar o contato direto com políticas públicas e iniciativas privadas articuladas em torno da transição energética.
“Conseguimos olhar rotas do biometano, do biogás, do hidrogênio verde, inclusive rotas que misturam, que fazem um blend por completo. A transição energética é o tema do momento, e não ter a Dinamarca no nosso portfólio de benchmark para a gente poder olhar, significaria que nós estamos por fora”, afirma Bekin.
PROSPECÇÃO - Um dos destaques da missão foi o diálogo com a European Energy, que já desenvolve projetos no Brasil e manifestou interesse em ampliar suas operações no país, acompanhando oportunidades de expansão, com atenção especial ao Paraná. A cooperação com empresas e instituições dinamarquesas reforça o potencial do Estado para atrair investimentos ligados ao biogás, biometano e combustíveis sustentáveis, especialmente a partir de sua vocação agroindustrial e da escala de produção no setor.
A programação também incluiu visitas técnicas a plantas industriais e infraestrutura estratégica. Entre elas, a Gemidan, referência em pré-tratamento de resíduos orgânicos para produção de biogás; a Aarhus Vand, utility pública que opera como produtora líquida de energia a partir do tratamento de esgoto; e o Porto de Esbjerg, que se consolida como hub europeu de energias renováveis, hidrogênio verde e captura de carbono, com o Projeto Greensand, o primeiro terminal logístico de gás carbônico (CO₂) da União Europeia.
INTERCÂMBIO - Durante a visita à Aarhus Vand, a Sanepar apresentou sua atuação no Paraná e iniciativas em saneamento, energia e sustentabilidade, abrindo diálogo para cooperação técnica e institucional. A empresa dinamarquesa é reconhecida internacionalmente pelo modelo de integração entre saneamento, geração de energia e neutralidade de carbono.
Para o especialista em Pesquisa e Inovação da Sanepar, Gustavo Possetti, a experiência permitiu aprofundar o contato com soluções consolidadas no setor. “A visita a utilities de água e esgoto na Dinamarca foi uma oportunidade singular para conhecer estratégias e soluções tecnológicas contemporâneas e consolidadas que materializam o conceito de inovabilidade aplicado ao saneamento”, afirmou.
A delegação paranaense visitou uma estação de tratamento de esgoto de alto desempenho, com remoção avançada de nutrientes, automação inteligente e recuperação energética a partir do biogás, além de sistemas de menor porte que utilizam soluções baseadas na natureza para o tratamento de lodo e para arranjos descentralizados.
Segundo Possetti, essas abordagens reforçam princípios centrais da economia circular, da descarbonização e do aumento da eficiência operacional. O especialista faz um paralelo com a realidade paranaense: “No contexto do Estado do Paraná, iniciativas já em implementação incorporam essa mesma lógica, evidenciando que a inovação está integrada à estratégia do setor. Estar conectado às melhores referências internacionais é essencial para acelerar soluções sustentáveis, ampliar a geração de valor e abrir novos caminhos de negócio no saneamento, com benefícios diretos para a qualidade de vida, a saúde pública e a preservação do meio ambiente”.
A missão também permitiu avançar nas discussões sobre o potencial do Paraná na produção de biometano e outras fontes renováveis. Para o coordenador do programa RenovaPR, Herlon Goelzer de Almeida, o Estado já apresenta resultados expressivos na área. “O Paraná já vem tendo excelentes resultados com o projeto do uso de energia sustentável nas áreas rurais, que é o RenovaPR. O programa apoia a geração distribuída de energia elétrica a partir de fontes renováveis, em especial biomassa e solar”, destacou. Quanto ao biometano, Herlon afirma que o Oeste do Estado apresenta grande potencial de produção, principalmente pelo rebanho de suínos. “A possibilidade de troca de experiências entre países, de compartilhar conhecimento, com certeza deve gerar bons frutos para o futuro”, avalia.
COOPERAÇÃO - A missão internacional para a Dinamarca ampliou de forma significativa o horizonte de cooperação entre o Paraná e a Dinamarca, conforme explica o diretor de Relações Internacionais e Institucionais da Invest Paraná, Giancarlo Rocco: “a Missão na Dinamarca representou um avanço muito grande nas possibilidades que o estado do Paraná pode ter com o país todo. E a gente pode falar das oportunidades no biogás, em como eles passaram tanto pela regulação do mercado, quanto incentivos, quanto atração de investimento e tecnicamente como eles estão avançados nisso”. Rocco destaca que a experiência dinamarquesa oferece uma referência direta para o planejamento do Estado.
A etapa final da missão incluiu reuniões com fundos dinamarqueses de exportação, investimento e impacto, que atuam no financiamento de projetos de energia renovável e infraestrutura sustentável em diversos países. De acordo com Giancarlo Rocco, há a possibilidade de colaboração com investimentos, incluindo aportes em ativos, parcerias empresariais e aquisição de participações. Segundo ele, a aproximação com a Dinamarca ganha ainda mais relevância diante da estruturação de um fundo estratégico no Paraná, fortalecendo a credibilidade do Estado no cenário internacional.
Na avaliação do presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin, o espaço para o diálogo com fundos dinamarqueses interessados em cooperação com o Estado trouxe perspectivas “não só de trazer a tecnologia, como trazer companhias da Dinamarca” para o Paraná.
PARCERIA - A missão deu continuidade a um histórico de cooperação já em curso. Em anos anteriores, o Paraná já recebeu delegações dinamarquesas interessadas em projetos de energia renovável. Em 2025, o Governo da Dinamarca ampliou esse movimento ao convidar oficialmente o Estado e custear parte da missão paranaense, reforçando o interesse mútuo no aprofundamento da parceria.
Em nome do Consulado da Dinamarca, o chefe da área de Consultoria em Energia Eólica, Lucas Barbosa, avaliou positivamente a agenda realizada ao longo da semana e destacou o interesse dos atores dinamarqueses no potencial paranaense. Segundo ele, a missão abriu espaço para novas frentes de cooperação e negócios entre os dois países. “Foi uma agenda com stakeholders dinamarqueses do setor público e privado, todos bastante interessados em aprender mais sobre a experiência paranaense e brasileira. Tenho certeza de que, a partir daqui, vamos conseguir desenvolver mais oportunidades de negócios e de interação, troca e cooperação entre Brasil e Dinamarca, em nível político, comercial e tecnológico”, afirmou.


























