PCPR e PMPR prendem 66 pessoas em megaoperação contra grupo que controlava tráfico no Centro de Curitiba

O grupo investigado atuava especialmente nas imediações da Praça Tiradentes, Travessa Nestor de Castro, Rua Trajano Reis e áreas próximas, onde controlava a venda de drogas e impunha regras violentas aos envolvidos na atividade criminosa. A investigação identificou uma estrutura hierárquica composta por lideranças, gerentes, operadores logísticos e dezenas de vendedores.
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25/06/2025 - 07:30

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A Polícia Civil do Paraná (PCPR) e a Polícia Militar do Paraná (PMPR) prenderam 66 pessoas durante uma megaoperação deflagrada contra uma organização criminosa envolvida com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e homicídios no Centro de Curitiba. A ação aconteceu na manhã desta quarta-feira (25).

A operação mobilizou cerca de 400 policiais para o cumprimento dos mandados judiciais, que incluíram 25 ordens de bloqueio de ativos financeiros e 55 de busca e apreensão. A operação contou com o apoio da Polícia Penal do Paraná (PPPR), além de helicópteros e cães de faro. Durante a ação, os agentes localizaram e apreenderam uma arma de fogo, porções de maconha, cocaína e crack, além de R$ 7.291 em espécie.

Entre os presos desta quarta-feira está o líder da organização criminosa. O indivíduo já possui diversas passagens policiais anteriores e não atuava diretamente com a venda dos entorpecentes, mas controlava toda a operação criminosa.

O grupo investigado agia especialmente nas imediações da Praça Tiradentes, Travessa Nestor de Castro, Rua Trajano Reis e áreas próximas, nas quais controlava a venda de drogas e impunha regras violentas aos envolvidos na atividade criminosa.

O inquérito foi instaurado em agosto de 2024, após denúncias anônimas e o aumento das ocorrências na região. A investigação identificou uma estrutura hierárquica composta por lideranças, gerentes, operadores logísticos, responsáveis pelo setor financeiro e dezenas de vendedores, que atuavam em turnos.

“Esta organização contava com uma estrutura muito bem definida. Os criminosos atuavam com divisão de tarefas, sendo que haviam aqueles que eram dedicados apenas às atividades financeiras do grupo e outros, na base da pirâmide, que faziam a venda das drogas ao consumidor final”, explica o delegado Victor Loureiro.

A organização utilizava códigos para designar tipos de droga, mantinha planilhas de contabilidade diária e estipulava metas de venda. Os entorpecentes eram escondidos em bueiros, canos, fissuras e até na boca dos envolvidos, dificultando a apreensão em flagrante. “Esses traficantes portavam pequenas quantidades de entorpecentes para que pudessem se passar por usuários durante abordagens policiais”, destaca o delegado.

Apesar da estratégia dos criminosos, a investigação identificou que o grupo mantinha diversos pontos de venda de drogas na região central e repassava espaços a narcotraficantes associados, com autorização de uma facção criminosa de alcance nacional. Para manter o domínio territorial, recorria à violência contra rivais e prestava apoio a membros presos durante as operações.

“O grupo está ligado a diversos crimes contra a vida ocorridos no Centro da Capital, trazendo insegurança à população. Identificamos que o líder do grupo, preso hoje, tem envolvimento em ao menos nove homicídios”, afirma o delegado Rodrigo Brown, chefe do Centro de Operações Policiais Especiais da PCPR (Cope).

Os pontos de venda estavam estrategicamente localizados em áreas de grande circulação de pessoas, o que facilitava a comercialização em larga escala. Esse fluxo intenso favorecia os lucros e a consolidação da rede criminosa. A estimativa é que cada ponto de venda pertencente ao grupo movimentasse em torno de R$ 20 mil por semana.

As investigações financeiras revelaram movimentações incompatíveis com a renda declarada pelos investigados. Parte dos envolvidos, inclusive beneficiária de programas sociais, movimentava altos valores por meio de familiares e terceiros, o que reforça os indícios de lavagem de dinheiro.

A investigação também relaciona o grupo a homicídios consumados e tentados. Um dos casos é o de um homem morto em 26 de fevereiro de 2025, um dia após ser espancado. Dias antes, ele havia ameaçado uma equipe de televisão que gravava uma reportagem sobre a criminalidade na Praça Tiradentes. A polícia apura se a morte foi uma retaliação da organização criminosa por ter exposto a atuação do grupo.

Durante o período de monitoramento, as equipes registraram diversos flagrantes de tráfico, o que confirma a atuação constante da organização, mesmo após prisões anteriores.

A operação buscou desarticular a estrutura e romper o domínio territorial exercido pelo grupo, que cobrava taxas pelos pontos de venda de drogas e recorria à violência para manter o controle da região. O material apreendido será analisado e poderá embasar novas fases da investigação.

“O trabalho executado hoje gerou embasamento para o prosseguimento das ações policiais e das investigações. A atuação conjunta da Polícia Militar com a Polícia Civil terá continuidade a partir destas 66 prisões cumpridas”, completou o coronel da PMPR, Marcelo Favero.

Os presos foram encaminhados ao sistema penitenciário.

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