Paraná Faz Ciência reúne 700 alunos da rede em mostra inédita de projetos científicos

Pela primeira vez, os alunos da rede estadual participaram do evento como expositores em uma programação exclusiva: a 1ª Mostra da Rede de Clubes Paraná Faz Ciência. A iniciativa reuniu estudantes, representantes de diversas regiões do Estado, que apresentaram 221 projetos científicos desenvolvidos no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
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03/10/2025 - 09:40
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A criatividade e o protagonismo dos estudantes da rede pública estadual marcaram presença no Paraná Faz Ciência 2025, o maior evento de iniciação científica do Estado, realizado nesta semana em Guarapuava, na região Centro-Sul do Paraná.

Pela primeira vez, os alunos da rede estadual participaram do evento como expositores em uma programação exclusiva: a 1ª Mostra da Rede de Clubes Paraná Faz Ciência. A iniciativa reuniu cerca de 700 estudantes, representantes de diversas regiões do Estado, que apresentaram 221 projetos científicos desenvolvidos no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

Os projetos foram selecionados a partir de atividades promovidas pelos Núcleos de Apoio à Produção de Iniciação Científica (Napis), por meio do Napi Paraná Faz Ciência, uma ação articulada entre a Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR) e a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), com apoio da Fundação Araucária e do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar).

“A participação dos nossos estudantes no Paraná Faz Ciência demonstra o forte potencial da juventude paranaense. A prova de que a educação do Estado está no caminho certo é a excelência dos trabalhos apresentados neste evento. Iniciativas como a Rede de Clubes Paraná Faz Ciência são fundamentais para formar cidadãos ainda mais preparados para transformar a sociedade por meio do conhecimento”, disse o secretário de Estado da Educação, Roni Miranda.

DESTAQUES – Unindo tecnologia e inclusão social, quatro alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Itacelina Bittencourt, em Cianorte, Noroeste, desenvolveram uma bengala inteligente para pessoas cegas ou com baixa visão. O projeto, apresentado na feira de ciências durante o Paraná Faz Ciência 2025, foi idealizado em sala de aula e, ao longo de três meses, ganhou forma, combinando criatividade, inclusão e conhecimentos de robótica.

A invenção foi construída com materiais simples, como caixa de ovos e peças reutilizadas, mas com alta funcionalidade. Presentes no dia a dia das aulas de Robótica, a bengala é munida de um sensor ultrassônico, dois jumpers (fios condutores usados para fazer conexões elétricas), um motor de vibração e um Arduino Nano (placa de prototipagem que lê dados dos sensores, processa as informações e aciona dispositivos). Na prática, a bengala emite um sinal sonoro ao se aproximar de obstáculos, funcionando de forma semelhante a sensores de ré automotivos.

A ideia surgiu a partir da vivência escolar. Uma das professoras da escola, que possui baixa visão e usa bengala, serviu de inspiração direta para o projeto. Mais do que isso, ela participou ativamente do processo de testes, fornecendo feedbacks importantes sobre o conforto e a utilidade do equipamento.

“Ela testava os protótipos e dizia o que estava bom, o que poderia melhorar, como deixar mais leve, mais sensível. Foi uma troca muito rica”, relata o professor Oséias Pereira, que orienta o grupo no Clube de Robótica da escola.

“Foi bem complicado no começo pensar em como juntar todas as peças, como encaixar tudo e fazer funcionar. Mas a gente sabia que poderia ajudar muita gente com isso. A robótica tem esse poder: transformar coisas difíceis em soluções acessíveis para o dia a dia”, conta o estudante Francisco Eduardo de Moraes, um dos integrantes do grupo.

Durante a apresentação na feira, o público pôde ver a bengala em ação e compreender como a tecnologia, mesmo em sua forma mais simples, pode ser uma ferramenta poderosa para garantir autonomia e qualidade de vida às pessoas com deficiência visual. “Me sinto muito feliz de estar aqui e mostrar nosso projeto. Foi um desafio, mas valeu a pena”, afirma Francisco.

ESTUFA AUTOMATIZADA – Viabilizar o cultivo de alimentos indoor, em pequenas estufas, possibilitando plantar até mesmo dentro de apartamentos. Essa é a proposta do projeto ‘Eco Indoor’, desenvolvido por alunos do Clube de Ciências do Colégio Estadual Olegario Macedo, da cidade de Castro (Campos Gerais), também apresentado no Paraná Faz Ciência 2025.

O protótipo foi idealizado para monitorar, via aplicativo, umidade e temperatura dentro de pequenas estufas. Além disso, o projeto também promove eficiência hídrica, reduzindo o desperdício de água por meio do cultivo em ambiente fechado. Isso permite maior controle sobre as variáveis ambientais e oferece uma alternativa viável para regiões com acesso limitado a recursos naturais.

Sob orientação da professora de Física, Marli Burgos, os estudantes Ana Clara Schuller, Gustav Schuller, Felipe Soares e Pedro Henrique de Assis (todos com 16 anos) integraram o grupo de 20 jovens que se dividiram para pesquisar diferentes aspectos da chamada ‘agricultura 4.0’, voltada para a produção automatizada e inteligente de alimentos.

“O projeto teve início no ano passado com um modelo bastante simples: uma caixa de madeira, manta térmica e um sistema básico de irrigação. Ao longo dos meses, o protótipo foi evoluindo, incorporando controle automatizado de temperatura, umidade e luminosidade, tudo interligado por uma placa ESC-32 e um aplicativo que transmite os dados em tempo real para um smartphone e para um banco de dados na nuvem”, explica Marli Burgos, professora de robótica diretamente envolvida no desenvolvimento do projeto.

“A ideia é possibilitar que qualquer pessoa, mesmo em espaços reduzidos ou sem acesso constante à água, possa cultivar seus próprios alimentos, como chás, temperos e microverdes. São alimentos altamente nutritivos que podem fazer parte de uma dieta saudável mesmo sem uma horta convencional”, explica Ana Clara.

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