Paraná firma parceria com Exército para pesquisas com IA e cibersegurança

Protocolo de intenções foi firmado entre a Seti, Seia, Fundação Araucária e Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, com apoio do Instituto Synapse. Tecnologia quântica também será alvo das pesquisas desenvolvidas dentro da parceria.
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27/10/2025 - 16:40

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O Governo do Paraná assinou nesta segunda-feira (27) um protocolo de intenções com o Comando do Exército Brasileiro para o desenvolvimento de pesquisas e projetos conjuntos voltados às áreas de Inteligência Artificial (IA), cibersegurança e tecnologias quânticas. O vice-governador Darci Piana participou da assinatura do documento, no Palácio Iguaçu.

“O Paraná reafirma seu papel de referência em ciência e tecnologia, abrindo caminho para novas frentes de investigação científica e para o fortalecimento da infraestrutura de pesquisa em temas importantes para o futuro do Brasil. Essa parceria é um marco na consolidação de um ecossistema de inovação robusto e comprometido com a segurança, a soberania e o desenvolvimento sustentável do Estado e do País”, afirmou Piana.

Trata-se de uma iniciativa inédita que une esforços civis e militares em prol do avanço tecnológico. A parceria envolve as secretarias estaduais da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e da Inovação e Inteligência Artificial (Seia), a Fundação Araucária (FA) e o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT) do Exército, com apoio do Instituto Synapse.

Serão desenvolvidos projetos conjuntos alinhados à atuação institucional de cada parte envolvida no projeto, com frentes de pesquisa, formação de pesquisadores e fomento de estudos nas áreas de IA, tecnologias quânticas e cibersegurança. O acordo visa fortalecer o ecossistema de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) nacional, posicionando o Paraná como um dos polos estratégicos de pesquisa tecnológica do Brasil, além de contribuir para o avanço de pesquisas estratégicas voltadas à defesa nacional.

O secretário da Seti, Aldo Bona, destacou que os investimentos do Paraná em ciência e tecnologia foram fundamentais para a parceria com o Exército. “Temos excelentes pesquisadores e uma infraestrutura em expansão. Essa colaboração permitirá que utilizemos a estrutura que o Exército tem, e eles possam utilizar a nossa, compartilhando cérebros e talentos para produzir resultados que interessam ao País”, ressaltou.

“Esse protocolo trata da disposição desses atores em trabalhar em regime de colaboração em questões de interesse nacional. Tudo isso interessa não apenas à defesa nacional, mas também ao setor produtivo e empresarial, em um conjunto de ações cada vez mais necessárias, uma vez que os negócios hoje são todos geridos no campo da tecnologia”, acrescentou Bona.

Para o secretário da Seia, Alex Canziani, a parceria combina a expertise de dois atores importantes no campo da CT&I. “O Exército tem uma área de inovação muito forte, uma vez que a defesa faz com que eles desenvolvam trabalhos profundos nas áreas de computação quântica, inteligência artificial e ciberataques, e o Paraná é uma referência para eles. Com as nossas universidades e empresas, vamos desenvolver projetos que vão servir para a sociedade como um todo”, comentou.

“Essa parceria vai trazer resultados positivos ao Paraná e ao Brasil. A computação quântica é uma área em que o mundo inteiro está focado, assim como a inteligência artificial. Fomos pioneiros com uma das primeiras secretarias de Inteligência Artificial do Brasil. Isso mostra a fortaleza que é o ecossistema de inovação do Paraná, com as nossas universidades demonstrando uma grande maturidade, assim como as empresas que temos aqui”, finalizou Canziani.

Para o andamento das atividades, serão realizadas reuniões técnicas quinzenais entre os órgãos para definição de um plano de trabalho e linhas de pesquisa a serem priorizadas dentro do acordo. A iniciativa segue as diretrizes previstas na Política Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação do Paraná; Política Nacional de Defesa; Estratégia Nacional de Defesa; Política de Propriedade Intelectual do Ministério da Defesa; e nos planos institucionais dos demais órgãos envolvidos.

O Exército ficará responsável pela mobilização de equipes com conhecimento nas áreas a serem pesquisadas e assessoria técnica aos demais integrantes do convênio. “O objetivo é aproveitar o parque de ciência e tecnologia do Paraná, que é riquíssimo, e suas sete universidades estaduais muito ativas, somando esforços em projetos dual use, ou seja, que atendam tanto à defesa quanto tragam retorno à sociedade do Paraná e brasileira como um todo”, explicou o chefe do DCT, general Hertz Pires do Nascimento.

“Fomos procurados pelo Estado para unirmos experiências, especialmente nas áreas de inteligência artificial, defesa cibernética e computação quântica. Juntos, devemos lançar desafios aos nossos pesquisadores, para que possamos fazer entregas efetivas à sociedade. Esse é um trabalho que começa no Paraná, mas certamente será expandido para todo o País”, arrematou o general.

Já o Governo do Estado irá disponibilizar informações sobre o estágio de desenvolvimento dos pilares do protocolo; plano de trabalho e linhas de investimento; além de disponibilizar equipes da Seti, Seia e da Fundação Araucária para o desenvolvimento do convênio.

A parceria com o Instituto Synapse se dará por meio da disponibilização de informações sobre o ecossistema paranaense nas áreas de IA, quântico e cibersegurança; a conexão das linhas de pesquisa com o setor privado; a estruturação das linhas de pesquisa; e o desenvolvimento de ações no ecossistema de promoção dos programas desenvolvidos a partir do protocolo.

“Temos o papel de ser um aglutinador dessas iniciativas, com a responsabilidade de coordenar as entregas. Em 45 dias, vamos formalizar o plano de trabalho e, a partir disso, assinar o termo de compromisso entre as entidades. Vamos definir o que será realizado, em quais fases e como será a atuação conjunta entre os setores público e privado, a academia e o Exército”, destacou a presidente do Instituto, Iolanda Viola.

“A participação do Governo do Paraná foi decisiva para que conseguíssemos trazer essas iniciativas para o Estado. Essa parceria com uma instituição tão importante como o Exército é um marco. Isso vai trazer benefícios concretos para os pesquisadores, para a comunidade acadêmica e, principalmente, para as empresas, que poderão colocar essas tecnologias em prática no mercado”, disse.

Neste momento, não há transferência de recursos para o desenvolvimento das ações do protocolo de intenções. O prazo de vigência do acordo é de cinco anos, podendo ser prorrogado.

SUPERCOMPUTADORES – Dentro da área de tecnologia, o Governo do Paraná vem trabalhando para a formação da Rede Estadual de Computação de Alto Desempenho com a instalação de oito supercomputadores nas universidades estaduais e uma máquina otimizada para IA no Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-Paraná).

Fruto de uma parceria com o Centre for Development of Advanced Computing (C-DAC), a empresa indiana garantirá a transferência de tecnologia e capacitação de pesquisadores paranaenses, permitindo que o Estado avance em sua soberania digital e inovação tecnológica.

O objetivo é fazer com que a rede estadual de supercomputadores fortaleça a pesquisa acadêmica, estimule a indústria nacional de tecnologia e forme profissionais altamente qualificados para os desafios da ciência e da inovação. A expectativa é que impulsione avanços em áreas como IA e tecnologias quânticas, áreas que serão fruto de pesquisa pelo Estado e Exército. O processo de encomenda tecnológica para criação da rede de supercomputadores está em fase avançada.

PRESENÇAS – Participaram do evento o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Seti, Marcos Aurélio Pelegrina; o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da FA, Luiz Márcio Spinosa; o diretor de Novos Negócios e Relações Institucionais do Tecpar, Celso Kloss; o diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado; o coordenador de Políticas Públicas e Estratégicas da Seti, Ivan Carlos Vicentin; o presidente da Associação Comercial do Paraná, Antonio Gilberto Deggerone; autoridades do Exército e representantes do Instituto Synapse.

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