Professora da UEM integra equipe que elaborou diretriz nacional do autoteste para HPV

Márcia Consolaro estuda o autoteste para detecção do Papilomavírus Humano (HPV) junto ao governo brasileiro desde 2013, com financiamento federal. Diretrizes regulam uso do autoteste para detecção de vírus, que é a principal causa de câncer de colo de útero.
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15/09/2025 - 17:50
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A professora Márcia Consolaro, do Departamento de Análises Clínicas e Biomedicina (DAB) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), participou da elaboração das diretrizes nacionais do autoteste para a detecção do HPV. As “Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer de Colo de Útero: Parte I - Rastreamento organizado utilizando testes moleculares para detecção de DNA-HPV Oncogênico” foram lançadas em 16 de agosto pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde (MS).

Márcia Consolaro estuda o autoteste para detecção do Papilomavírus Humano (HPV) junto ao governo brasileiro desde 2013, com financiamento federal. As novas diretrizes trazem as políticas de diagnóstico, tratamento e mecanismos de regulação na autodetecção do HPV, que devem ser seguidas por secretarias estaduais e municipais de Saúde em todo o Brasil. A intenção é que em até 5 anos o autoteste de HPV, que pode ser feito por qualquer mulher em sua própria residência e sem o auxílio de um profissional de saúde, seja uma ferramenta ampla e acessível em todo o Brasil.

De acordo com a pesquisadora, o teste molecular é mais eficaz do que o teste Papanicolau, hoje o mais utilizado em todo o País e já em desuso em todos os países desenvolvidos.

“A intenção é que os agentes comunitários de saúde, munidos dos autotestes, visitem as mulheres que devem ser assistidas em casa. Então, elas coletam o teste e entregam ao agente”, explicou. As autocoletas devem ser realizadas por agendamento e os kits de autocoleta, financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Brasil.

O câncer de colo de útero é a terceira maior causa de morte de mulheres no País. Dados do governo federal indicam cerca de 7 mil mortes anuais em decorrência da doença, considerada evitável com o diagnóstico precoce e correto. “Ao todo, são 17 mil casos por ano. Uma estatística triste que pode ser revertida com diagnóstico precoce”, avaliou Márcia.

O HPV afeta peles e mucosas e é bastante comum na população, sendo diagnosticado em até 90% da população sexualmente ativa. É considerada a infecção sexualmente transmissível mais comum em todo o mundo.

AMPLIAR O ACESSO – O autoteste, além de mais eficaz do que o Papanicolau, pode quebrar barreiras de acesso aos exames causadas por fatores culturais e sociais importantes: em estudos com mulheres indígenas e negras, evidenciou-se grande adesão aos testes. Os autotestes devem ser usados principalmente por mulheres que evitam consultas por fatores como preconceito, medo de assédio por equipes de saúde do sexo oposto, que estão distantes de serviços de saúde (comunidades ribeirinhas e quilombolas), entre outros fatores.

Hoje, a autocoleta é estudada em projetos de pesquisa e extensão em todo o Brasil. O Hospital Sírio Libanês (SP), em 2023, foi o primeiro hospital do País a instituir o exame de autocoleta para detecção do HPV no Brasil.

Com a publicação da Parte I das Diretrizes, Márcia continua em contato com o grupo do Ministério da Saúde para o desenvolvimento da Parte II. Esse momento consiste em acompanhar o pós-diagnóstico das mulheres que foram positivadas nos autoexames de HPV.

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