Professores e estudantes do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), de Guarapuava, se somaram neste sábado (15) ao esforço concentrado do Governo do Estado para atender a população de Rio Bonito do Iguaçu após o tornado da última semana. Eles conduziram uma ação especial de imunização direcionada aos moradores, voluntários e trabalhadores que atuam na limpeza e reconstrução da cidade, na região Centro-Sul, mais sujeitos a acidentes que podem resultar em infecções graves, como tétano e raiva.
Participaram da mobilização seis professoras e dez alunos do projeto de extensão “Aqui Tem Vacina”, da Unicentro. Além de Rio Bonito do Iguaçu, o grupo fará uma parada em Laranjeiras do Sul para vacinar crianças e adultos que estão no abrigo do município vizinho.
De acordo com a professora e enfermeira Alexandra Madureira, a visita ao município foi organizada a partir do contato com a Vigilância Epidemiológica, quando foi identificada a necessidade de reforçar a proteção de quem está em contato direto com entulhos e animais. Como a Unicentro já realiza outras ações de vacinação, a mobilização ocorreu rapidamente para apoiar Rio Bonito do Iguaçu.
“Estamos aqui para vacinar principalmente os adultos que estão trabalhando na reconstrução, com a vacina antitetânica, hepatite B e a antirrábica. Há relatos de acidentes com animais e queremos garantir tanto a proteção preventiva quanto a vacinação necessária após algum acidente”, explicou Alexandra.
O tétano é causado por uma bactéria presente no solo e em objetos metálicos ou perfurantes, como pregos e parafusos, e cortes e arranhões durante a retirada de entulhos aumentam o risco de infecção. Por isso, a vacina precisa estar em dia, com reforço a cada dez anos, ou cinco anos se houver ferimento.
Já a raiva, transmitida pela saliva de animais, exige atenção imediata diante de qualquer mordida ou arranhão, o que demanda que tratamento comece o quanto antes para ser eficaz.
Em conversa com a população, Alexandra contou que muitos moradores relataram não lembrar quando foi a última dose que tomaram, o que reforça a importância da imunização. Ela ressaltou que, mesmo após a ação deste sábado, todas as vacinas continuam disponíveis e é importante que a população procure as unidades básicas de saúde municipais que continuam operando.
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL E HUMANITÁRIA – A atividade também representou um aprendizado essencial para os estudantes de Enfermagem. A professora afirma que a vivência em campo reforça tanto habilidades técnicas quanto valores humanitários.
“Para o aluno, essa é uma experiência muito importante. Além do exercício da profissão, eles entendem que, diante de uma catástrofe, precisamos nos colocar à disposição dentro daquilo que somos capazes de fazer”, comentou.
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Entre os participantes está Milena de Oliveira Santos, estudante do último período, que se forma em dois meses. Ela explica que a equipe aceitou imediatamente o convite para reforçar a vacinação na região, entendendo que o sistema de saúde local está muito pressionado. “Sabemos que, após uma tragédia como essa, o serviço de saúde fica sobrecarregado. Trazer a vacinação até aqui é essencial, pois com isso nos unimos aos esforços para atender o maior número possível de pessoas”, disse.
Milena destaca que a vivência marcou sua formação e antecipou um tipo de experiência que normalmente só ocorreria depois da graduação. “É uma situação que eu nunca tinha vivido. Passar por isso ainda dentro da graduação vai me fazer ser uma profissional melhor. Vou levar esse aprendizado para a minha vida”, acrescentou a universitária.
Como cidadã, ela também relata ter sido impactada pela mobilização coletiva. “É muito bonito ver a empatia. Tem gente de todos os lugares ajudando. Isso traz esperança e mostra que, por mais que leve tempo, as pessoas vão conseguir se reerguer”, concluiu.
COBERTURA VACINAL – A cobertura vacinal contra o tétano em Rio Bonito do Iguaçu é boa, com mais de 90% das crianças menores de um ano vacinadas e 95% de dose de reforço para acima de um ano. A DTPA (difteria, tétano e coqueluche) para adultos foi aplicada em 98% das gestantes segundo dados do setor de imunização da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Mesmo assim, a Sesa reforçou os estoques com um adicional de vacinas para tétano e de seringas, que foram utilizadas pelos hospitais que estavam sem os insumos. Segundo informações do setor de imunização da pasta, a unidade onde os insumos estão armazenados possui um gerador de energia e não houve interrupção da refrigeração.



