Com foco na criação de uma proteína alternativa, a startup Typcal, de Curitiba, recebeu um aporte de aproximadamente R$ 2 milhões da aceleradora Biotope, da Bélgica. A startup tem usado a fermentação de fungos para criar proteínas alternativas como hambúrgueres veganos, “frango” e até salgadinhos proteicos. A empresa é apoiada pelo Paraná Anjo Inovador, programa pelo qual o Governo do Estado, por meio da Secretaria da Inovação e Inteligência Artificial (SEIA), destina subvenção econômica para startups paranaenses.
A incubadora Biotope investe em empresas de biotecnologia de todo mundo, fornecendo recursos financeiros e estratégicos para impulsionar projetos que tragam mudanças positivas para saúde do planeta. O aporte será usado tanto no Brasil quanto na nova filial da startup, situada no país europeu.
Segundo o CEO da Typcal, Paulo Ibri, o recurso será aplicado para acelerar trabalhos de pesquisa e desenvolvimento de novos ingredientes, além do desenvolvimento mercadológico e expansão das vendas em território Europeu. “Esse investimento é justamente para acelerar toda a parte comercial também no Brasil. Já na Europa, abrimos essa filial na Bélgica para o desenvolvimentos específicos de P&D que ainda não conseguimos fazer no Brasil por questões de tecnologia e equipamentos”, conta Ibri.
ANJO INOVADOR – A startup é uma das 148 empresas apoiadas pelo programa Paraná Anjo Inovador. A Typcal recebeu R$ 250 mil para alavancar o seu projeto de um ingrediente alternativo rico em proteínas e fibras, e baixo em gorduras e calorias.
Com dois editais publicados, o Anjo Inovador já destinou R$ 37 milhões para que empresas paranaenses alavancassem o desenvolvimento de soluções, produtos e serviços inovadores. O secretário da Inovação e Inteligência Artificial, Alex Canziani, explica que o objetivo do programa é fazer com que projetos inovadores do Paraná cresçam e se fortaleçam.
“A ideia é exatamente auxiliar as startups a desenvolverem essas soluções com segurança, para que depois elas alcem voos maiores e tragam não só para o Paraná, como para o Brasil, um importante avanço a nível econômico e de pesquisa”, destaca Canziani.
É o caso Typcal. A startup tem outro marco internacional, que foi a seleção para integrar um dos maiores ecossistemas globais de foodtechs, o Mista. O ecossistema tem como parceiros, importantes empresas do setor alimentício, como Danone e Coca-Cola. A empresa foi selecionada para demonstrar alguns produtos que estão em desenvolvimento, como os snacks protéicos à base de micélio – a rede de filamentos que formam a estrutura principal de um fungo.
A Typcal também entrou para a lista da Protein Production Technology, que elegeu 78 startups para ficar de olho em 2026, com foco em empresas inovadoras do ramo alimentício.
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PIONEIRISMO – No último ano, a startup curitibana realizou o depósito de uma patente internacional, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), referente ao primeiro concentrado proteico de micélio do mundo. Essa é a segunda patente que a empresa deposita, sendo a primeira sobre o processo de 24 horas para a fermentação do micélio.
Com a patente e uma nova fábrica, o objetivo é que até o início de 2026 a startup consiga começar a testar o novo ingrediente em protótipos voltados à nutrição esportiva, como bebidas e barrinhas proteicas. “Já testamos esse ingrediente com alguns parceiros, e o feedback tanto em nível sensorial como de diluição e sabor foi bem positivo. Vimos que é um produto com grande potencial de mercado, já que proteínas de soja e ervilha têm uma rejeição bem grande pela questão desse sabor característico”, explica o CEO.
Prestes a inaugurar uma nova fábrica em Pinhais, a Typcal conta com um processo de fermentação pioneiro na América Latina. O insumo é produzido por meio da fermentação líquida, parecido com o que acontece na produção de cervejas e etanol. A startup paranaense desenvolveu um processo que entrega resultados em apenas 24 horas, um desempenho de duas a três vezes mais rápido que o de outras empresas do mesmo nicho, que normalmente levam de 48 a 72 horas.
Segundo Ibri, a nova fábrica também se destaca pelo pioneirismo, já que é a primeira empresa da América Latina a trabalhar com fermentação de micélio em larga escala. “Estamos trazendo essa inovação para o Brasil, de algo que vai transformar o mercado da indústria de alimentos nos próximos anos.”










