Cirurgia de reconstrução mamária é realizada pelo SUS em 20 hospitais do Estado

Foram 378 cirurgias de junho de 2023 e julho de 2025 e há 16 pacientes na fila de espera. Hospitais que fazem o procedimento pelo SUS atendem as quatro macrorregiões da Saúde no Paraná. Resultado da reconstrução reflete na autoestima das mulheres que tiveram que passar por mastectomia por causa do câncer.
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29/10/2025 - 11:10
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No Paraná, entre os meses de junho de 2023 e julho de 2025, foram realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) 378 cirurgias de reconstrução mamária em pacientes que realizaram o tratamento de câncer de mama e precisaram fazer a mastectomia total (retirada da glândula mamária). No Estado são 20 hospitais habilitados na Alta Complexidade em Oncologia para realizar o procedimento pelo SUS. Essas unidades atendem as quatro macrorregiões de saúde do Paraná.

A cirurgia plástica reconstrutiva pode ser realizada no mesmo ato cirúrgico da retirada da glândula mamária ou posteriormente, após a recuperação dos procedimentos anteriores. A definição de quando será realizada é da equipe médica que acompanha a paciente.

“Sabemos como é importante esse procedimento para que as mulheres que realizaram a cirurgia de retirada da mama recuperem a autoestima. O Paraná está comprometido com essa causa e com a realização desse procedimento”, afirma o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.

Dados do Sistema Estadual de Regulação (Care-PR), atualmente, 16 pacientes estão com indicação e aguardam a realização do procedimento de reconstrução mamária pelo SUS. Esse dado não inclui os municípios com gestão plena, como Curitiba, Londrina e Maringá.

HISTÓRIAS DE SUPERAÇÃO – Beatriz Correa dos Santos de Souza, 45 anos, descobriu o câncer de mama quando tinha 37. Ela vive com uma família que a adotou, mas mantinha vínculo com a família biológica. A mãe e as cinco irmãs biológicas tiveram câncer de mama e faleceram em razão da doença. Em 2018, ao ser alertada por uma das irmãs, ela optou por refazer a mamografia, quando foi constatado um nódulo.

A partir daí foram momentos de angústia, mas o tratamento seguiu rapidamente. Fez quimioterapia oral por um ano e meio e em 18 meses após o início do tratamento realizou a mastectomia. Na sequência, em atendimento pelo plano de saúde, realizou a cirurgia de reconstrução mamária.

No final de 2024, a prótese se rompeu. Com muita dor, procurou atendimento em uma Unidade de Pronto Atendimento, quando foi encaminhada para atendimento hospitalar. Realizou consultas e exames. Em outubro deste ano, ela recebeu a indicação para uma nova cirurgia que está agendada para o dia 6 de novembro pelo SUS.

“Para a mulher que tem câncer, que vem desse histórico, a reconstrução mamária é primordial, porque muitas mulheres não aceitam, muitas têm vergonha de não ter os seios. E o SUS, ele acolhe a gente e fornece a cirurgia. Agora que tenho que fazer a troca da prótese que estourou, estou sendo muito bem atendida e assistida pelo SUS”, disse Beatriz.

Dançar é uma das atividades que a Eliane Maria Saldanha Maciel, de 54 anos, adora fazer e que foi brevemente interrompida após descobrir o câncer de mama em janeiro de 2019.

Moradora da cidade de Almirante Tamandaré, ela relata que o atendimento e o tratamento foram rápidos. Eliane foi inicialmente atendida em uma UPA de Curitiba, que fez o encaminhamento da documentação para a Secretaria da Saúde e deu sequência ao processo. Em poucos meses ela realizou a cirurgia para a retirada da mama e a implantação de um expansor. Com a pandemia da Covid-19, a cirurgia de reconstrução mamária teve que ser adiada, mas foi realizada dois anos depois.

“Foi tudo realizado pelo SUS. Hoje levo uma vida normal com a prótese, que me permitiu dar continuada às coisas que eu gosto, como dançar. A prótese me permitiu isso: a volta da autoestima, poder levar uma vida normal e ter qualidade de vida após o tratamento”, declarou Eliane.

Paraná Rosa: Cirurgia de reconstrução mamária é realizada em 20 hospitais do estado
Eliane Maria Saldanha Maciel, uma das mulheres que realizaram cirurgia no Paraná. Foto: Arquivo Pessoal


APOIO NO PARANÁ – Outra mulher com uma história de superação e que realizou no SUS a cirurgia de reconstrução mamária é Karine Cristiane Tavares, técnica de enfermagem. Aos 39 anos, ela fez uma mamografia em uma clínica particular em outro estado. Foi apontado um nódulo muito pequeno, mas descartada a hipótese de câncer de mama.

Meses depois, Karine veio morar no Paraná e trabalhar em um hospital. As dores e o incômodo surgiram e ela refez os exames, quando foi constatado um câncer de grau 4, muito avançado.

“Tive que fazer a mastectomia das duas mamas. Dois anos depois fiz a cirurgia de reconstrução. É uma experiência super válida, pois a retirada da mama afeta o nosso emocional, a gente perde a identidade. Pense em uma mulher se olhando no espelho, parece que falta algo. Não é só estético, afeta o psicológico. Foi muito bom quando reconstruí a mama, ainda mais porque no hospital eles preservaram o meu mamilo. Foi tudo perfeito”, relatou Karine.

COMO FAZER – O processo começa com a consulta médica na Unidade Básica de Saúde (UBS), exceto para aquelas mulheres que estão vinculadas aos hospitais onde já fizeram a mastectomia.
Na unidade, será analisado o caso e iniciados os procedimentos de autorização em uma instituição de saúde credenciada pelo SUS. Em caso de dúvidas ou para mais informações, é necessário procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de casa.

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