Com diferentes linguagens, MUPA inaugura exposição “Céu-Eclipse” em dezembro

Abertura será dia 6 de dezembro, ás 11 horas. Mostra reúne obras de oito artistas e reflete sobre os desafios contemporâneos tomando o céu como superfície viva de observação, disputa e imaginação. A pré-abertura será no dia 4, às 19h30.
Publicação
21/11/2025 - 10:27
Editoria

Confira o áudio desta notícia

O Museu Paranaense (MUPA) apresenta, a partir do dia 6 de dezembro (sábado), a exposição "Céu-Eclipse", que reflete sobre os desafios contemporâneos tomando o céu como superfície viva de observação, disputa e imaginação. A mostra articula diferentes linguagens artísticas, perspectivas e temporalidades (científicas, artísticas, históricas e cosmológicas) em sintonia com os eixos norteadores do MUPA: Identidades Múltiplas, Ecologia, Memória e Cosmovisões.

Ao longo do processo de concepção, o projeto contou com a consultoria da filósofa Déborah Danowski, da cientista Marina Hirota e do artista e xamã yanomami Sheroanawe Hakihiiwe, que contribuíram para ampliar a escuta do céu como entidade viva e espaço de cruzamento de saberes. Estão na exposição obras de Francis Alÿs, Alberto Garutti, Erika Verzutti, Guido van der Werve, Laís Amaral, Marcelo Conceição, Flora Leite e Sheroanawe Hakihiiwe, incluindo trabalhos concebidos especialmente para esta edição por Flora Leite e Hakihiiwe. 

A abertura oficial contará com uma visita mediada com os curadores Pollyana Quintella, associada à Pinacoteca de São Paulo, e Richard Romanini, do MUPA. Além deles, estarão também os convidados especiais Flora Leite, artista que integra a mostra, e Francesco Garutti, responsável pelo acervo e legado do artista Alberto Garutti. 

“A mostra 'Céu-Elipse' se configura como um laboratório, e o céu, nesse contexto, funciona como uma superfície de inscrição, um campo onde se projetam tanto as forças da natureza quanto às contradições sociais e políticas que marcam nossa época”, define Gabriela Bettega, diretora do Museu Paranaense. 

PRÉ-ABERTURA – Como prefácio da abertura, no dia 04 de dezembro, a partir das 19h30, o MUPA apresenta um espetáculo duplo que começa com "Baby Blu em Moritat Celeste ― Ato Profano para Voz e Tempestade", inspirada na A Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht. Com música do compositor Kurt Weill e adaptação de Carmelo Bene, ator, diretor e dramaturgo italiano, a performance de Aivan (Grupo Mexa), acompanhada por realejo e fanfarra, cria um clima de presságio, como se ventos e tormentas convocasse o público a entrar em outra camada de percepção.

O espetáculo seguinte é "O Irreproduzível", apresentação musical de Arto Lindsay que explora ruídos, gestos e movimentos para reorientar a escuta e o corpo. Transitando entre influências do Brasil e dos Estados Unidos, seu país de origem, o artista trabalha na interseção entre música e arte há mais de quatro décadas. Ao longo de sua carreira, colaborou tanto com artistas visuais como sonoros, incluindo Vito Acconci, Laurie Anderson, Animal Collective, Matthew Barney, Caetano Veloso e Rirkrit Tiravanija. 

SOBRE OS ARTISTAS

Alberto Garutti – Foi uma das figuras de referência na cena artística italiana e internacional dos últimos cinquenta anos. Artista e professor, lecionou de 1990 a 1994 na Academia de Bolonha e, de 1994 a 2013, foi titular da cátedra de Pintura na Academia de Brera, em Milão. Sempre interessado em explorar os espaços e as dinâmicas de relação entre obra, espectador e instituição, transformou as formas de fazer arte pública, redefinindo radicalmente os seus processos de concepção. Suas obras são concebidas como sistemas abertos de relação, formas de encontro entre os cidadãos, os espectadores da arte e a paisagem, sutis leituras críticas do nosso presente.

Erika Verzutti – Trabalhando materiais como o papel machê, bronze, gesso, concreto, tinta acrílica, óleo e cera, a artista brasileira ocupa uma zona de contato entre a pintura e a escultura. Explorando formas orgânicas em conjunto com um processo empírico de moldagem manual, as superfícies de suas esculturas são frequentemente rugosas, riscadas, escavadas e recortadas. Sua prática encontra um intercâmbio entre propriedades materiais e carga simbólica, reprocessando tanto a escultura modernista quanto a construção vernacular. A rede de alusão criada pelas esculturas de Verzutti produz um campo de ressonâncias entre as figuras construídas e as referências culturais que seus contornos e silhuetas evocam.

Flora Leite – Artista e pesquisadora paulista, explora diferentes linguagens e suportes para transpor seus questionamentos sobre formas e práticas cotidianas. Os materiais empregados em seus trabalhos, aparentemente simples, revelam uma complexidade reflexiva ao serem deslocados de seus usos habituais. 

Francis Alÿs – De origem belga e formação em Arquitetura, mudou-se para a Cidade do México em 1986, onde continua a viver e trabalhar, e foi o confronto com questões de urbanização e agitação social no seu país de adoção que inspirou a sua decisão de se tornar artista visual. Transitando entre uma ampla variedade de mídias, incluindo documentários, pintura, desenho, performance, animação bidimensional e vídeo, seus trabalhos revelam uma profunda sensibilidade poética e imaginativa, permeado por questões antropológicas, geopolíticas e culturais que se entrelaçam com cenas do cotidiano de diferentes lugares do mundo.

Guido van der Werve – Artista e cineasta nascido na Holanda, foi desde criança incentivado a aprimorar habilidades musicais. Mais tarde, desenvolveu seus interesses no campo da performance e das artes audiovisuais. Performance, música, texto, esporte e cenas atmosféricas são elementos recorrentes em suas obras, caracterizadas por longas tomadas meditativas e pela recusa em trabalhar com atores.

Laís Amaral – Natural de Niterói, iniciou sua carreira artística em 2017 por meio do coletivo Trovoa, discutindo questões sociorraciais e de gênero e seu impacto no campo das artes. Se autodenominando uma “artista-artesã”, desafia as fronteiras entre arte e artesanato, utilizando ferramentas não convencionais como instrumentos de manicure e pentes, questionando as noções tradicionais da abstração ocidental. Suas pinturas funcionam como narrativas visuais, com técnicas como camadas e raspagem de tinta preta sobre composições coloridas para revelar histórias ocultas, de forma análoga a uma escavação arqueológica.

Marcelo Conceição – Artista fluminense, se autodenomina um garimpeiro urbano. Os materiais que compõem suas obras são carretéis, miçangas, botões, fivelas, tampas, rolhas, contas, búzios, cascas de coco, argolas de cortina, sobras de instalações elétricas e uma infinidade de outros apetrechos encontrados pelas ruas do Rio de Janeiro. A aparente leveza das composições contrasta com a densidade das articulações que ora sugerem movimentos brandos, elípticos, ora ameaçam com extremidades pontiagudas e bélicas.

Sheroanawe Hakihiiwe – Artista e xamã Yanomami, residente da comunidade indígena de Pori Pori, localizada em Alto Orinoco, na Venezuela. Seus trabalhos se amparam na memória oral, cosmologia e nos saberes ancestrais de seu povo. Desenvolve, por meio do desenho, uma linguagem sintética, concreta e minimalista sobre a vasta e intensa relação de sua comunidade com a paisagem que a rodeia. Essas ligações permeiam o âmbito do pessoal e do coletivo, sendo seu trabalho uma revisão contemporânea da cosmogonia e do imaginário Yanomami.

Serviço:

Espetáculo de pré-abertura: 04 de dezembro, às 19h30 

Abertura e visita mediada: 06 de dezembro, às 11h 

Museu Paranaense – Rua Kellers, 285 – Curitiba 

Entrada gratuita

GALERIA DE IMAGENS