Uma grande rede de serviços de saúde foi formada para os atendimentos às vítimas do tornado que atingiu a região central do Estado, com maior impacto em Rio Bonito do Iguaçu, nos últimos dias. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) atende, desde os primeiros momentos, com profissionais, ambulâncias, insumos e prestando todo o apoio às vítimas e aos envolvidos.
Nesta terça-feira (11), seguem internados 20 pacientes: 11 em Guarapuava, sendo 4 no Hospital São Vicente de Paulo e 7 no Hospital Santa Tereza. Outros 6 pacientes estão em Laranjeiras do Sul: 3 no Hospital São Lucas e 3 no Instituto São José. No Hospital Universitário de Cascavel permanecem 3 pessoas. Foram 835 atendimentos ao todo.
O secretário da Saúde do Paraná, Beto Preto, destacou a dedicação com que os mais de 400 profissionais, entre socorristas do Samu e trabalhadores nas unidades hospitalares, vêm tratando a situação. “São pessoas que trabalham incansavelmente. Temos uma rede comprometida com o atendimento para garantir todo o suporte necessário”, afirmou.
No Hospital São Lucas de Laranjeiras do Sul, foram 70 trabalhadores diretos (4 da enfermagem; 15 técnicos de enfermagem; 3 recepcionistas; 7 administrativos; 5 na higienização; 4 de tomografia; 3 para raio x; 17 médicos; 1 laboratório; 3 da fonoaudiologia; 3 na assistência social; 2 na psicologia; 3 na fisioterapia).
Muitos voluntários, estagiários de enfermagem e técnicos, estagiários de medicina, familiares de funcionários e terceirizados também auxiliaram nos atendimentos.
O Hospital Regional do Centro Oeste (HRCO) também fez uma grande mobilização para os atendimentos. Na linha de frente, 58 profissionais (4 enfermeiros; 5 médicos; 15 técnicos de enfermagem; 8 administrativos; 4 da limpeza; 3 fisioterapeutas; 2 assistentes sociais; 1 na psicologia; 6 de farmácia; 5 tecnólogos do CDI; 2 na nutrição; 3 assistentes da copa). Ainda foram disponibilizados 14 leitos clínicos; 30 leitos cirúrgicos e disponibilização de 5 leitos extras de UTI.
No Instituto São José (ISJ), em Laranjeiras do Sul, estiveram diretamente nos atendimentos 85 profissionais (16 médicos; 38 profissionais da enfermagem; 9 na administração; 7 na limpeza; 2 na lavanderia; 4 de farmácia; 2 fisioterapeutas; 4 de cozinha; 1 na nutrição; 1 na manutenção; 1 assistente social). Também atuaram profissionais de imagem, tomografias e radiografias e um grande número de voluntários, estagiários de enfermagem e técnicos, estagiários de medicina, familiares de funcionários, ex-funcionários e funcionários terceirizados.
No Hospital Santa Tereza de Guarapuava, 20 profissionais (6 enfermeiros; 1 gerente assistencial; 2 médicos; 2 técnicos de enfermagem; 3 na direção; 3 no apoio e contato, direção técnica, administrativa e provedoria); 1 na limpeza; 3 de farmácia; 1 tecnólogo do CDI; 1 assistente da copa).
Em Laranjeiras do Sul, os postos de saúde mobilizaram 90 profissionais (8 médicos; 14 enfermeiros; 19 técnicos de enfermagem; 4 dentistas; 6 ACS; 1 assistente social; 5 nos serviços gerais; 11 administrativos; 1 técnico de raio x; 13 motoristas). Outros 5 médicos, 1 enfermeiro e 1 técnico de enfermagem foram voluntários.
O Hospital de Caridade São Vicente de Paulo, em Guarapuava, contou com 52 profissionais (2 recepcionistas; 3 auxiliares de laboratório; 2 biomédicos; 4 auxiliares de limpeza; 2 técnicos de radiologia; 7 médicos; 5 no administrativo; 7 médicos de pronto socorro; 4 médicos de UTI; 2 cirurgiões; 3 residentes; 2 diretores médicos; 5 enfermeiros; 15 técnicos de enfermagem e 1 fisioterapeuta).
Outros 50 profissionais de saúde que atuam na base do Samu Regional Centro, em Guarapuava e 15 da base de Cascavel, também estiveram diretamente ligados aos atendimentos.
NA LINHA DE FRENTE – O plantão da médica Cinthia Keli Romariva no Instituto São José de Laranjeiras do Sul seguia a normalidade na sexta-feira (7). Ela encerraria o turno às 19h, mas faltando uma hora para o término, o hospital foi comunicado de um evento traumático muito grande em Rio Bonito do Iguaçu.
“Temos pessoas da equipe que moram em Rio Bonito e fomos avisados da situação. Imediatamente, nos mobilizamos e convocamos equipe de enfermagem, corpo clínico, cirurgião, ortopedista e pediatra. Foi tudo muito rápido, porque na sequência já começaram a chegar os primeiros pacientes, inclusive seis vítimas vieram de carro próprio", relatou.
Segundo a médica, eles ainda não tinham ideia da proporção que a situação iria tomar. “Começaram a chegar ambulâncias do Samu, dos bombeiros e vans com várias pessoas machucadas. Estava chovendo muito naquela hora, as pessoas chegavam molhadas, embarradas, assustadas e de pé descalço”, contou. “Nosso pronto socorro é pequeno, temos 2 leitos de emergência, 2 de observação e duas poltronas. Já estávamos com 10 pacientes. Nesse momento, tive que tomar a decisão de como atender todos aqueles feridos e não paravam de chegar mais”.
Os pacientes foram levados para o corredor numa força-tarefa da equipe que foi atendendo, suturando, limpando, medicando. “Eram ferimentos grandes, com bastante sujidade, então já fomos aplicando medicamento profilático”, explicou.
A médica ainda contou que o hospital estava lotado de pacientes clínicos e pediátricos, da rotina do dia a dia mesmo, e diante disso, priorizou dar alta médica para os paciente que já poderiam ir para casa e dessa forma liberar leitos para as vítimas que precisavam de internamento.
“Nosso hospital é antigo e por conta da infraestrutura fragilizada pela idade, somado a chuva que caiu ocorreram goteiras no corredor. Foi muito chocante, parecia um cenário de guerra. Mas, todos que chegaram feridos foram atendidos”, afirmou.
Com 22 anos de profissão, o ortopedista Fabiano Stel de Azevedo, que trabalha no Hospital São Lucas em Laranjeiras do Sul, contou que nunca tinha atuado em uma situação dessa magnitude. “Com o volume de pacientes e intensidade de traumas foi a primeira vez”, disse.
Ele não estava de plantão na sexta-feira, mas diante da gravidade da situação foi acionado, assim como todos os demais colegas. “Quando cheguei ao hospital a primeira impressão foi assustadora. Tinha muita gente machucada do lado de fora e ao entrar no pronto socorro vi que a situação era de catástrofe”, relembrou. “Tive que fazer uma triagem para escolher quem seria operado primeiro”.
O ortopedista realizou 5 cirurgias e cerca de 15 atendimentos de fraturas menos graves. “Entre 18h de sexta-feira e 1h de sábado, no nosso hospital foram mais de 100 atendimentos”, destacou.
Apesar da tristeza pela gravidade da situação, o médico comentou que foi gratificante ver a união de médicos, enfermeiros, funcionários e voluntários. “Todos que estavam na cidade foram ao hospital para ajudar. Voluntários que não faziam parte do corpo clínico se apresentaram”, comentou. “E também todo o suporte que a 5ª Regional de Saúde, a Sesa e o município deram ao hospital foi fundamental”.
INSUMOS – Para garantir a continuidade dos atendimentos sem falta de insumos, a Sesa enviou ainda no fim de semana, um lote com produtos hospitalares. Com apoio de duas aeronaves, os insumos foram levados até o aeroporto de Guarapuava e de lá levados de helicóptero até Laranjeiras do Sul. Na sequência, foram direcionados para as unidades que seguem prestando atendimento às vítimas.
Ao todo, foram encaminhados mil frascos de soro de 500 ml, mil unidades de Ringer e 14 mil itens de 17 tipos diferentes, como ataduras, seringas, compressas e agulhas, entre outros insumos hospitalares. Os materiais foram preparados pelo Centro de Medicamentos do Paraná (Cemepar) e pelo Centro de Operações de Medicamentos e Produtos (Comp), em Curitiba.
















